2007-10-24 19:32:28

OS MESTRES DA FÉ SEJAM, ANTES DE TUDO, TESTEMUNHAS: NA AUDIÊNCIA GERAL, A CATEQUESE DO PAPA DEDICADA A SANTO AMBRÓSIO


Cidade do Vaticano, 24 out (RV) - Quem prega o Evangelho deve unir a uma sabedoria adquirida mediante o estudo e a reflexão, também o testemunho da caridade para com os outros, mas jamais pode ser um “ator” que “recita um papel por profissão”. É uma afirmação de grande intensidade que sintetiza a catequese de Bento XVI, na audiência geral desta manhã, realizada na Praça São Pedro, e dedicada à figura de Santo Ambrósio.

Ambrósio foi outro João. O célebre bispo de Milão do Séc. IV _ eleito por aclamação, ele que era um homem da lei e um funcionário civil de carreira _ foi como o discípulo amado por Jesus: ambos capazes de colher diretamente do coração do Mestre a essência de Sua mensagem de amor e de ser eles mesmos testemunhas de caridade, além de mestres da fé.

Foi a comparação que concluiu a catequese de Bento XVI, que apresentou, aos cerca 30 mil fiéis e peregrinos presentes na Praça São Pedro, a figura _ disse o Santo Padre _ “de uma autêntica testemunha do Senhor”, que teve _ entre tantos outros _ o mérito de converter o coração de Agostinho graças não somente a sua espiritualidade, mas sobretudo graças a seu exemplo.

Agostinho _ explicou Bento XVI _ ficou impressionado, em particular, com a “longa fila” de pessoas que regularmente pediam para falar com o bispo Ambrósio para encontrar “consolação e solução para seus problemas”.

Olhando para o magistério de Ambrósio e Agostinho _ observou o papa _ se entende que a catequese é “inseparável do testemunho de vida”. E isso deve ser claro também para os catequistas de hoje:

“Quem educa para a fé não pode correr o risco de parecer uma espécie de ator, que recita um papel ‘por profissão’ _ advertiu o pontífice. Sobretudo, ele deve ser como o discípulo amado, que apoiou sua cabeça no coração do Mestre, e dali tomou o modo de pensar, de falar, de agir. Afinal, o verdadeiro discípulo é aquele que anuncia o Evangelho no modo mais crível e eficaz.”

Para o jovem Agostinho _ ainda em busca de Deus _ a eficácia do anúncio cristão se manifestou, por assim dizer, numa dúplice dimensão: pessoal e comunitária. O testemunho pessoal vem do então bispo de Milão.

Bento XVI contou quando o futuro bispo de Hipona ficou surpreso ao observar Ambrósio ler em silêncio a Sagrada Escritura _ leitura feita somente com os olhos. Isso contradizia o costume da época, que privilegiava a leitura _ mesmo a leitura pessoal da Bíblia _ em voz alta.

Agostinho colheu naquele modo de relacionar-se com as Escrituras, “uma capacidade singular de leitura e de familiaridade” com elas:

“Naquela ‘leitura silenciosa’, na qual o coração se esforça para alcançar a inteligência da Palavra de Deus _ eis o ‘ícone’ do qual estamos falando, observou _ se pode entrever o método da catequese ambrosiana: é a própria Escritura, intimamente assimilada, que sugere os conteúdos a serem anunciados para conduzir à conversão dos corações.”

O papa disse querer deixar essa imagem de Ambrósio como um “ícone patrístico”, que mostra o “coração da doutrina ambrosiana”. Mas também é um ícone o testemunho de fé que os cristãos ofereceram a Agostinho em sua chegada a Milão:

“O que finalmente moveu o coração do jovem orador africano _ céptico e desesperado _ o que o impeliu à conversão definitivamente, não foram, em primeiro lugar, as homilias bonitas de Ambrósio _ embora estas fossem por ele muito apreciadas. Foi, sobretudo, o testemunho do Bispo e de sua Igreja milanesa, que pregava e cantava, compacta como um só corpo.”

O papa terminou a catequese com as palavras de uma intensa oração de Santo Ambrósio dedicada a Cristo: “Se quer curar uma ferida, Ele é o médico; se se encontra sedento por causa da febre, Ele é a fonte; (...) se precisa de ajuda, Ele é a força; se deseja o céu, Ele é o caminho” (De virginitate 16,99):

“Esperemos também nós em Cristo. Seremos assim bem-aventurados e viveremos na paz” _ exortou Bento XVI.

Concluída a catequese, o Santo Padre passou a saudar, em várias línguas, os diversos grupos de fiéis e peregrinos presentes. Eis a sua saudação aos de língua portuguesa: "Saúdo cordialmente os peregrinos de língua portuguesa, hoje representados por um grupo de visitantes de Portugal e pelos brasileiros com o Comandante, Oficiais, Cadetes e tripulantes do Navio-Escola Brasil. Desejo a todos felicidades; e que crescendo na fé e na consciência da vocação cristã, honrem sempre a dignidade a que os levou o Batismo: sois templos do Espírito Santo e novo Povo de Deus. E olhando para o grupo de jovens cadetes, digo-lhes: sede arautos da esperança! E, pela cultivada nobreza da vossa escolha de vida para servir a Pátria na Marinha, sede homens construtores de fraternidade, paz e solidariedade com todos sem exceção, para um mundo e para um Brasil melhor! Com estes votos, vos abençôo, assim como as vossas famílias e amigos." (RL) RealAudioMP3







All the contents on this site are copyrighted ©.