ARCEBISPO DE KAMPALA: "SOMOS UMA POPULAÇÃO ESQUECIDA"
Kampala, 18 out (RV) – O arcebispo de Kampala, Dom Cyprian Kizito Lwanga, lançou
um apelo para incrementar a ajuda humanitária às vítimas das inundações em Uganda,
onde as chuvas torrenciais deixaram milhares de desabrigados.
Segundo a agência
de notícias CISA, de Nairóbi, no início de outubro, Dom Lwanga, que é também o vice-presidente
da Caritas Internationalis, visitou Soroti, no leste de Uganda, onde viu de perto
o desespero das pessoas.
"Somos uma população esquecida" _ disse o arcebispo.
"Necessitamos de ajuda, de solidariedade e do suporte do mundo, para fazer frente
ao desastre, mas, até agora, tudo isso falhou. A Caritas está fazendo o que pode,
para responder à emergência, mas a resposta do resto do mundo não é encorajadora"
_ acrescentou ele.
A Caritas lançou um apelo, para arrecadar 1 milhão e 600
mil dólares, para fornecer alimentos, tendas, água e serviços higiênicos, durante
seis meses, às cerca de 20 mil pessoas do leste de Uganda, atingidas pelo desastre.
Desde
julho, as chuvas torrenciais flagelaram vastas zonas de Uganda, atingindo 300 mil
pessoas. Muitas áreas ainda estão isoladas e as plantações foram destruídas. Dom Lwanga
descreve assim, a situação da área por ele visitada: "Quando visitei Soroti, as pontes
estavam impraticáveis e tive que prosseguir a viagem de barco. Tudo está alagado e
as pessoas estão isoladas. É muito perigoso viajar. Felizmente, as vítimas são poucas,
mas as plantações foram destruídas."
Ao descrever o caráter excepcional do
evento, o arcebispo de Kampala destaca, porém, a responsabilidade do homem: "Tratou-se
da pior enchente desde 1972. Os danos ao ambiente agravaram a situação. As árvores
foram cortadas e as pessoas construíram casas sobre regiões úmidas."
O PAM
(Programa Mundial de Alimentos) está distribuindo ajudas alimentares às regiões mais
isoladas, lançando-as dos aviões, com pára-quedas. "É o único modo para se chegar
até as populações mais isoladas" _ destacou um dirigente da organização internacional.
Em toda a África, mais de um milhão de pessoas foram vítimas das enchentes,
que atingiram diversos países do continente. (BF/AF)