CARDEAL TAURAN: "A MORTE FOI PARTE INTEGRANTE DO MAGISTÉRIO DE JOÃO PAULO II"
Roma, 16 out (RV) - “A morte de um papa é parte integrante de seu magistério”
– acredita o cardeal francês Jean Louis Tauran, presidente do Pontifício Conselho
para o Diálogo Inter-religioso. O cardeal participou ontem da apresentação do livro
“Papa Wojtyla – O adeus”, do jornalista italiano Marco Politi, que descreve os últimos
momentos de vida de João Paulo II, a partir do agravamento de sua doença até as grandes
manifestações populares, promovidas depois de sua morte. A reflexão sobre o longo
sofrimento de JPII, profundo testemunho de fé, foi uma ocasião para o cardeal Tauran
recordar que no atual mundo das ‘aparências’, um inválido também tem o direito de
dizer uma palavra ao próximo, porque “o sofrimento, quando vivido de modo cristão,
é fecundo, e nos recorda que a morte é uma passagem, que para ser enfrentada com serenidade,
a esperança de encontrar Deus deve residir em nós”. Já o historiador Andrea Riccardi,
presidente da Comunidade de Santo Egídio, destacou que João Paulo II era um papa que
“não dava descontos, não era um papa liberal, e inicialmente era quase impopular entre
o clero. Então como se explicam as manifestações de massa depois de sua morte? Segundo
Riccardi, o ‘segredo’ de papa Wojtyla estava em ser uma síntese entre um homem que
viveu a verdade da fé e um homem que tinha simpatia por todas as pessoas. Uma simpatia
que suscitava emoção em outras culturas e crenças. Enquanto o mundo recorda hoje,
16 de outubro, 29 anos de sua eleição à cátedra de Pedro, vários veículos de comunicação
italianos publicaram ontem a foto de uma fogueira na Polônia na qual se vê uma silhueta,
interpretada pelos fiéis como a do falecido João Paulo II. A foto foi tirada em
Beskid Zywiecki, povoado polonês próximo à cidade natal de João Paulo II, Wadowice,
em 2 de abril, enquanto estava sendo realizada uma vigília em memória dos dois anos
da morte do papa. A imagem foi tomada exatamente às 21h37, hora da morte do pontífice. O
padre Jarek Cielecki foi o primeiro a publicar a foto, anteontem, no canal de televisão
Vatican Service News (VSN). Ele disse que as chamas formavam uma silhueta que parecia
a do papa. O jovem polonês Grzegorz Lukasik, que bateu a fotografia na colina
de Matiska, afirmou que, quando viu a imagem na tela de sua câmera digital, percebeu
que “as chamas formavam a figura de João Paulo II com a mão erguida, como se estivesse
abençoando”. (CM)