2007-10-13 20:34:30

CARDEAL MARTINO: "A GUERRA NÃO É UM DIREITO!"


Cidade do Vaticano, 13 out (RV) - "A defesa da dignidade humana é o único raio de luz nas trevas da guerra. Um raio de luz que pode iluminar as mentes, uma pequena chama que pode dissolver o ódio e o ressentimento nos corações, um sutil fio vermelho que permite que o homem não se perca e não caia na estagnação, no caminho do amor que conduz a Deus."

Essas palavras do presidente do Pontifício Conselho "da Justiça e da Paz", Cardeal Renato Raffaele Martino, foram proferidas na manhã desta sábado, no Vaticano, no II Curso Internacional de Formação dos Capelães Militares Católicos ao Direito Humanitário, e dão uma idéia da profunda e complexa reflexão feita nos dois dias do encontro que reuniu, em Roma, cerca de 80 ordinários e capelães militares, bem como especialistas de 30 países do mundo inteiro.

"A guerra não é um direito _ afirmou o purpurado _ e mesmo que seja ditada pela necessidade de defender o inocente, deve ser submetida a regras precisas, compatíveis com a dignidade humana." Nessa perspectiva _ acrescentou o presidente do "Justiça e Paz", organismo vaticano promotor da iniciativa, juntamente com os Pontifícios Conselhos para o Diálogo Inter-religioso e para a Promoção da Unidade dos Cristãos, e a Congregação para os Bispos _ "não por um cálculo político ou estratégico, o Direito Internacional Humanitário deve ser incluído entre as expressões mais felizes e eficazes que emanam da verdade da paz".

Nasce daí, o pleno apoio da Igreja àquilo que o Direito Humanitário propõe e o sincero compromisso de todo autêntico fiel a aplicar esses princípios também nas extremas e brutais situações dos conflitos armados.

Precedentemente, na primeira das quatro conferências desta manhã, dedicadas à cooperação entre as religiões e sociedade civil, o ordinário militar emérito dos EUA, Arcebispo Edwin F. O'Brien, falara, entre outros, sobre a delicada distinção moral entre técnicas de interrogatório e tortura, no caso de prisioneiros terroristas.

A esse respeito, o arcebispo estadunidense definiu como "desviado e absolutamente bárbaro" o tratamento dos prisioneiros no cárcere americano de Abu Ghraib, acrescentando como "significativa" a ausência de um capelão em tal prisão, apesar de o regulamento militar pedir, expressamente, a presença de um capelão.

O observador permanente da Santa Sé junto às agências ONU em Genebra, Suíça, o Arcebispo Silvano Maria Tomasi, abordando o tema da identidade e neutralidade do Direito Humanitário, evidenciara a oportunidade e as dificuldades de colocar ao lado dos símbolos tradicionais da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho, o novo símbolo do "Cristal Vermelho" _ um quadrado vermelho apoiado num ângulo _ segundo as indicações do III Protocolo das Convenções de Genebra.

Por fim, sobre o complexo tema da relação entre armas nucleares e Direito Humanitário _ do ponto de vista moral e jurídico _ o juiz e vice-presidente emérito da Corte Internacional de Justiça de Haia, Holanda, Raymond Ranjeva, recordara o pronunciamento da própria corte, segundo o qual a ameaça e a utilização seria, geralmente, contra o Direito Internacional, diante da obrigação jurídica da desnuclearização.

Além disso, Raymond Ranjeva ressaltara a exigência de negociar um novo sistema de segurança coletiva, num quadro necessariamente multilateral. (RL)







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