Urge investir mais no campo da saúde: interpelação do representante da Santa Sé, na
ONU
O observador permanente da Santa Sé na ONU em Nova York, D. Celestino Migliore, interveio
terça-feira, dia 9, perante a 62ª Assembleia Geral das Nações Unidas. Falando sobre
a actuação das Conclusões da Cimeira Mundial sobre o Desenvolvimento Social, o arcebispo
fez um apelo "para que os governos e as nações preservem a vida, em todas as fases
e por todo a parte, no mundo". Depois de ter sublinhado que cerca de 10 milhões
de crianças morrem, a cada ano, por causas que poderiam ser prevenidas com adequadas
medidas sanitárias, o prelado advertiu que "a comunidade global parece ter perdido
o sentido da necessidade de assegurar o direito a um serviço médico básico para todos". "Embora
os estudos mostrem que a prevenção médica simples é, frequentemente, uma das maneiras
mais eficazes e bem sucedidas de melhorar a saúde pública e dar estabilidade à sociedade
(argumentou Dom Celestino Migliore) essa atenção básica é geralmente negligenciada." Salientando
a necessidade de "concentrar-se nos Objectivos do Milénio, para incrementar uma melhor
política da saúde”, o Observador permanente da Santa Sé denunciou ainda, que "as despesas
militares superam os três biliões de dólares por ano, e que se empregam talento e
recursos para o desenvolvimento de tecnologias que destroem vidas e o nosso Planeta".
Para impedir que essa situação se agrave, os Estados-membros da ONU devem "renovar
seu compromisso em favor da preservação da vida, em todos os estágios e em cada canto
do mundo". Apesar de reconhecer que alguns países estão trabalhando com afinco,
para alcançar as Metas do Milénio, o arcebispo exortou a dar "mais atenção aos Estados
que ainda têm dificuldades em actuar as medidas que visam o alcance de tais metas,
a fim de incentivar o investimento público e privado, e criar um clima económico e
social favorável à paz e à segurança". As Nações Unidas vêem-se cada vez mais
solicitadas a responder a múltiplos desafios, em todo o mundo. Para responder a tais
solicitações (ponderou D. Celestino Migliore), a ONU deve "continuar a trabalhar,
para promover parcerias com a sociedade civil", capazes de "criar uma resposta humanitária
previsível e reactiva". "Os Estados-membros desempenham um papel fundamental diante
das crises humanitárias - sublinhou o observador do Vaticano." Concluindo, Dom
Celestino Migliore lamentou que as questões relativas à liberdade religiosa venham
à tona somente quando se elevam as tensões e eclodem os conflitos, e manifestou seu
desejo de que sejam promovidos programas capazes de incentivar o diálogo inter-religioso,
a fim de que sejam estabelecidas as condições de uma paz sustentável.