Buenos Aires, 11 out. (RV) - Menos de 24 horas depois da condenação à prisão
perpétua do padre Christian Von Wernich por crimes de contra humanidade durante a
ditadura (1976-83), a Igreja católica argentina fez autocrítica e pediu ontem “perdão
com arrependimento”. "Que um sacerdote, por ação ou por omissão, tenha estado tão
longe das exigências da missão que lhe foi confiada, isso nos obriga a pedir perdão,
com arrependimento sincero", afirmou dom Martín de Elizalde, bispo de Nueve de Julio,
na província de Buenos Aires, diocese de Von Wernich. O bispo assinalou que "oportunamente,
se terá de resolver, conforme as disposições do Direito Canônico, sobre a situação
de Christian Von Wernich", sem mencionar a possibilidade da imposição de alguma sanção
eclesiástica. O comunicado seguiu a uma nota do Episcopado argentino, que expressava
a comoção da Igreja pela dor causada pela participação de um sacerdote em crimes gravíssimos”.
A nota pedia também aos argentinos que se afastem “tanto da impunidade como do ódio
ou rancor” e foi assinada pelo cardeal primaz da Argentina, dom Jorge Bergoglio e
por outros integrantes da comissão executiva da Conferência Episcopal. Von Wernich,
ex-capelão da polícia da província de Buenos Aires, foi julgado culpado por sete homicídios,
31 casos de tortura e 42 seqüestros, por um tribunal civil de La Plata. Ele foi submetido
a julgamento em 2003, quando foram anuladas as leis de anistia de Obediência Devida
e Ponto Final. Uma centena de testemunhas, entre eles sobreviventes dos centros de
detenção e familiares de vítimas, deram seu testemunho no julgamento do ex-capelão
policial. (CM)