PREOCUPADA COM FUTURO DOS SÍTIOS RELIGIOSOS, IGREJA DE CHIPRE PEDE INTERVENÇÃO DA
UE
Nicósia, 10 out (RV) - Preocupado com o destino de sítios cristãos históricos
do norte de Chipre, o arcebispo Chrysostomos II decidiu abrir uma representação da
Igreja cipriota em Bruxelas, esperando assim que seja a Europa a examinar o problema.
O líder da Igreja cipriota indicou o futuro bispo Porfirios como chefe da delegação.
Em uma entrevista à agência italiana ANSA, Sua Beatitude Chrysostomos adiantou
que participará do encontro inter-religioso organizado pela Comunidade de Santo Egídio
em Nápoles, no dia 21 de outubro, com a presença do Santo Padre. Naturalmente, naquela
ocasião, será abordado também o tema da divisão de Chipre, e suas possíveis soluções.
Para reunificar Norte e Sul, reconciliar a população e criar um país unido, o líder
da Igreja cipriota sugere que a comunidade internacional, através da União Européia
e da ONU, encarregue especialistas de elaborar uma Constituição que possa ser aceita
ou imposta às duas comunidades. Todas as tentativas feitas até agora neste sentido
fracassaram, inclusive um plano elaborado pelo ex-secretário geral da ONU, Kofi Annan.
Chipre é uma ilha situada no mar Egeu oriental ao sul da Turquia. Segundo
a lei internacional, a ilha, no seu todo, é um país independente, mas de fato, está
dividida entre os dois terços a sul, Chipre-Grego, e a República Turca de Chipre do
Norte, ocupando o terço norte da ilha, reconhecida apenas pela Turquia. Ambos os estados
têm capital em Nicósia.
Os sítios religiosos do Norte são 520 igrejas, sinagogas,
capelas, e mosteiros. 133 destes templos foram transformados em arsenais, estalas
e discotecas, 78 em mesquitas islâmicas, 28 são usados para fins militares e 13 como
depósitos de hospitais. A Igreja cipriota, na intenção de tutelá-los, quer que a questão
seja contemplada e a solução encontrada em nível europeu. Chrysostomos pede à EU a
autorização para restaurá-los, que os anciãos monges, expulsos pelo regime, possam
retornar ao Mosteiro de São Barnabé, e que os 286 milhões de euros destinados pela
União à comunidade turco-cipriota sejam empregados no restauro de sítios religiosos,
pelo menos dos mais danificados.
“A recuperação dos sítios cristãos – explica
Chrysostomos – é um problema de liberdade religiosa, e se os turcos quiserem entrar
na EU devem respeitar a liberdade e os direitos de todos”.
A premiê alemã
Ângela Merkel e seu colega italiano Romano Prodi já foram sensibilizados e se demonstram
disponíveis a contribuir no restauro de alguns sítios maronitas e católicos em Chipre.
Para o arcebispo, antes de defesa da identidade religiosa, deve-se falar da identidade
cultural: “Chipre – recorda ele – sempre foi dominada por outros povos. Em 2 mil anos
de história, tivemos apenas 47 anos de independência. O povo cipriota deve ser defendido,
e a Igreja cipriota, por tradição, representa o povo”.
O líder da Igreja cipriota
olha para o encontro de Nápoles com esperança, e avança a hipótese de promover o próximo
em Chipre, possivelmente com a presença do papa. (CM)