2007-10-05 20:49:26

SECRETÁRIO DA SANTA SÉ DAS RELAÇÕES COM OS ESTADOS FALA SOBRE RISCOS DE GLOBALIZAÇÃO SEM FACE HUMANA


Cidade do Vaticano, 05 out (RV) - Globalização e secularização, liberdade religiosa nas sociedades multiculturais e riscos de sincretismo: são os temas no centro da reflexão do secretário da Santa Sé das Relações com os Estados, Dom Dominique Mamberti, lida no âmbito do Congresso promovido _ na Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma _ pela Academia Católica bávara e pela embaixada da Alemanha junto à Santa Sé sobre o tema: "Globalização e Religião: desafios para a política e a Igreja". A referida reflexão foi apresentada pelo subsecretário da Santa Sé das Relações com os Estados, Mons. Piero Parolin, por via do compromisso de Dom Mamberti nestes dias na ONU.

Deve-se dar uma face à globalização e deve ser uma face humana: foi esse o princípio de fundo da reflexão, que evidencia diversos riscos. A globalização poderia trazer o sincretismo: se a técnica é colocada ao centro de tudo, se governa a integração das economias ou as revoluções nas comunicações, se se torna concessão da política, então se pode chegar ao sincretismo, porque a tendência a nivelar tudo de modo técnico leva a fazer o mesmo também com as religiões. Pode-se acabar relativizando tudo, também a verdade.

Precisamente, Dom Mamberti ressalta que "se acaba por considerar que toda religião substancialmente equivale às outras, capaz _ por isso mesmo _ de conduzir os homens à salvação. Conseqüentemente, toda religião _ e o cristianismo em particular _ que se apresente com a pretensão de verdade _ diz Dom Mamberti _ é considerada como um movimento quase fanático e potencialmente fundamentalista".

Na realidade _ explica o secretário da Santa Sé das Relações com os Estados _ "o encontro entre as religiões não pode dar-se na renúncia à verdade, mas é possível somente mediante o seu aprofundamento".

"O relativismo não une. E muito menos o puro pragmatismo." É o que acrescenta Dom Mamberti, ressaltando que "a renúncia à verdade e à convicção não eleva o homem e muito menos o aproxima dos outros, mas o entrega ao cálculo do útil e do egoísmo, privando-o de sua grandeza".

Dom Mamberti recorda que "a globalização colocou em xeque as sociedades fechadas de matriz ideológica, étnica, nacionalista e cultural, e favoreceu uma positiva abertura a uma cidadania universal".

Portanto, o problema não é a globalização em si, mas somente o risco de perder a centralidade do homem e da transcendência, que significaria perder também o respeito pela liberdade religiosa.

Ademais, Dom Mamberti faz votos de que os sistemas jurídicos sejam articulados a partir do conceito de igual dignidade de todos os homens _ também prescindindo de seu credo religioso _ e que, portanto, garantam igualdade entre os homens e as mulheres.

"Essa questão é fundamental _ reitera o prelado _ não somente no plano jurídico, mas, igualmente, para elaborar modelos de sociedades capazes de afrontar a globalização de modo positivo, para adquirir benefício de seus recursos e conviver pacificamente, tanto em nível nacional quanto internacional." (RL)







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