IGREJA FAZ-SE PRÓXIMA AOS IMIGRADOS, NUM MUNDO QUE GLOBALIZA OS MERCADOS, MAS NÃO
A JUSTIÇA
Cidade do Vaticano, 05 out (RV) - A Igreja acolhe os imigrados com as estruturas
da sua solidariedade, defende seus direitos quando estes são desrespeitados, promove
o diálogo ecumênico e inter-religioso convencida de que o conhecimento recíproco das
tradições de fé aumenta o processo de integração de uma pessoa estrangeira. São algumas
das afirmações feitas hoje pelo secretário do Pontifício Conselho da Pastoral para
os Migrantes e os Itinerantes, Arcebispo Agostino Marchetto, no âmbito do Congresso
"Globalização e Religião: desafios para a política e a Igreja", em andamento,
em Roma, na Pontifícia Universidade Gregoriana.
O mundo globalizado trouxe
"mudanças rápidas no campo político, econômico e social". Mas se isso comportou uma
"vantagem para a humanidade", não eliminou, porém, os problemas relacionados à justiça
e à solidariedade.
Dom Marchetto abriu a sua ampla reflexão na Gregoriana analisando
o cenário mundial induzido pela globalização. "No que concerne os limites, no atual
mercado mundial _ objetou o prelado _ estão se formando enormes sistemas econômicos,
financeiros, tecnológicos e culturais, muitas vezes 'gigantes' aguerridos e invencíveis.
Os grandes ricos do planeta possuem assim uma riqueza igual à da metade da população
mundial."
E essas transformações _ prosseguiu Dom Marchetto _ se registram
de modo análogo também no setor do estado social ou dos meios de comunicação. Todavia,
o outro lado da medalha mostra uma realidade que dificilmente goza de bem-estar: os
imigrantes.
Uma pessoa em cada 35 _ afirmou o secretário do referido organismo
vaticano _ "vive fora de seu país de origem", por motivos de trabalho, estudo, ou
para escapar de guerras, catástrofes ambientais, miséria. Essa situação é um desafio
que os católicos acolheram há muito tempo, oferecendo "assistência pastoral, social
e legal".
"O atual mundo globalizado _ observou Dom Marchetto _ leva a Igreja
a afrontar também as ondas migratórias e as condições de vida às quais os imigrados
estão sujeitos. Ela é chamada também a exercer a missão do 'Bom Samaritano'; a sua
missão é a de socorrer os imigrados que têm dificuldade de sobrevivência e ajudá-los
a ter um trabalho digno e um refúgio."
A Igreja _ insistiu _ faz-se próxima
dos imigrados, refugiados, das vítimas do tráfico de vidas humanas, de todos aqueles
que estão envolvidos no fenômeno da mobilização humana, e é chamada a entender os
seus problemas, a apoiar as suas justas reivindicações", demolindo "preconceitos que
limitam as pessoas e mostrando que a presença do outro" é uma "preciosa oportunidade"
para "descobrir a beleza da fraternidade, na liberdade das relações respeitosas, acolhendo
cordialmente o outro". (RL)