NA AUDIÊNCIA GERAL, PAPA FALA DE SÃO CIRILO DE ALEXANDRIA, "CUSTÓDIO DA EXATIDÃO"
Cidade do Vaticano, 03 out (RV) - Bento XVI deixou esta manhã, de helicóptero,
sua Residência Apostólica em Castel Gandolfo, para vir ao Vaticano, onde, na Praça
São Pedro, se encontrou com cerca de 40 mil fiéis e peregrinos, para a habitual Audiência
Geral de quarta-feira.
Assim, o Santo Padre regressa, definitivamente, ao Vaticano,
depois de passar mais de dois meses na Residência dos Papas, situada a cerca de 30
km de Roma.
Em sua catequese, o pontífice continuou a falar sobre os primeiros
Padres da Igreja, detendo-se, hoje, sobre a figura de São Cirilo de Alexandria.
No
Oriente grego, Cirilo foi, mais tarde, definido "custódio da exatidão", ou seja, custódio
da fé, como também "sigilo dos Padres". Estas expressões antigas expressam bem um
dado de fato característico de Cirilo: sua constante referência aos autores eclesiásticos
precedentes, a fim de mostrar a continuidade da própria teologia com a tradição.
Venerado
como santo, tanto no Oriente como no Ocidente, São Cirilo foi proclamado, em 1882,
Doutor da Igreja pelo papa Leão XIII, que atribuiu contemporaneamente o mesmo título
a São Cirilo de Jerusalém. Assim, esse papa revelou sua atenção e amor pelas tradições
cristãs orientais, mostrando assim que, tanto a tradição oriental, quanto a ocidental,
expressam a doutrina da única Igreja de Cristo.
São Cirilo nasceu, provavelmente,
em Alexandria, no Egito, entre o ano 370 e 380. Ainda muito jovem, foi nomeado bispo
de Alexandria, que governou com grande energia, por 32 anos. Por volta do ano 417-418,
o bispo de Alexandria quis recompor a comunhão com Constantinopla.
O antigo
contraste com Constantinopla teve início com o afastamento de João Crisóstomo, mas
agravada, anos depois, com a eleição de Nestório, severo monge de formação antioquena.
O papa explicou: "O novo bispo de Constantinopla, de fato, suscitou logo oposições,
porque, na sua pregação, preferia dar o título a Maria de "Mãe de Cristo", ao invés
daquele tradicional e popular de "Mãe de Deus", aderindo, assim, à cristologia de
Antioquia, que acabava por afirmar a divisão da divindade de Cristo".
Cirilo,
como máximo expoente da cristologia de Alexandria, pretendia, ao invés, ressaltar,
com força, a unidade da pessoa de Cristo. Por isso, reagiu contra Nestório, ao qual
escreveu diversas cartas.
Com efeito, São Cirilo pregava, com clareza, que
as duas naturezas, humana e divina, estão unidas em Cristo, sem ignorar a diferença
entre si, mas, também, sem separá-las. Suas afirmações, afirmadas também pelo IV Concílio
Ecumênico de Calcedônia, fizeram com que Nestório fosse repetidamente condenado.
O
papa disse ainda que os escritos de Cirilo, numerosos e difundidos também em várias
traduções latinas e orientais, são de importância primordial para a história do cristianismo.
A fé cristã, explicou ainda o Santo Padre, é, antes de tudo, encontro com Jesus. E
acrescentou: "São Cirilo de Alexandria foi incansável e firme testemunha de Jesus
Cristo, Verbo de Deus encarnado. Ele ressaltou a unidade de Cristo: um só o Filho,
um só o Senhor Jesus Cristo, tanto antes como depois da Encarnação".
Essa afirmação
de São Cirilo, concluiu Bento XVI, para além do seu significado doutrinal, mostra
que a fé em Jesus, nascido do Pai, está bem arraigada na história. De fato, São Cirilo
afirma: "este mesmo Jesus veio ao mundo, através da Virgem Maria, a Mãe de Deus, e
permanecerá conosco até o final dos séculos".
Depois de sua catequese, o Santo
Padre cumprimentou os presentes em várias línguas, entre as quais o português. Eis
o que disse: "Saúdo também os participantes de língua portuguesa, em especial
o grupo de visitantes portugueses e os brasileiros da Paróquia de Santa Teresinha
de São Paulo, bem como os que provieram de diversas regiões do País. De todo o coração
vos abençôo, desejando que as vossas comunidades, a começar da própria família, procurem
consolidar-se pela força e à imitação da Eucaristia, donde irradia a caridade de Cristo
que se dá em alimento aos fiéis! Sede seus comensais devotos e assíduos adoradores!".
Ainda nesta quarta-feira,
o Santo Padre aceitou a renúncia de Dom Aldo Gerna, por limite de idade, ao governo
pastoral de São Mateus (ES), nomeando como seu sucessor o Padre Zanoni Demettino Castro,
do clero da diocese de Vitória da Conquista (BA). (MT/BF)