Yangun, 22 set (RV) - Em Mianmar (ex-Birmânia) expande-se a revolta contra
o governo militar, encabeçada pelos monges budistas. Hoje, no sexto dia de manifestações,
milhares de religiosos e civis foram às ruas para mostrar o descontentamento com a
ditadura.
A insatisfação se estende por várias cidades do país. Na cidade
de Mandalay, foram contabilizados mais de 10 mil manifestantes. Os monges budistas
afirmaram que continuarão a marchar e a pregar até o momento da queda do governo militar.
O
estopim dos atos públicos foi o aumento injustificado de preços dos artigos de primeira
necessidade. No início deste mês, os monges foram vítimas de bombas de gás lacrimogêneo,
porque apoiaram a população com os apelos pela redução dos preços dos combustíveis
e dos transportes.
Na manhã de hoje, pelas ruas da maior cidade do país, Yangun,
1.600 religiosos exigiram um pedido de desculpas oficial do governo, por causa dos
atentados sofridos.
O diretor da agência de notícias AsiaNews, Pe. Bernardo
Cervellera, declarou que "os monges são eixos espirituais de Mianmar, e podem angariar
a simpatia da população, que já está cansada da ditadura".
Em entrevista à
Radio Vaticano, Pe. Cervellera revela um dos pontos de sustentação da ditadura militar
do país: "O governo é muito sustentado pela China, que usa Mianmar como reserva de
minerais, de pedras preciosas, de madeira e também como base militar no Oceano Índico."
Além disso, Pe. Cervellera declara que o governo militar é responsável pelo
empobrecimento do país: "Antes do atual regime, (Mianmar) era riquíssimo e exportava
para todo o mundo, enquanto agora, é a "lanterninha" da economia asiática."
A
comunidade internacional teme que os crescentes protestos possam desencadear uma dura
reação do regime militar, que não organiza eleições desde 1990. (EP/AF)