Dia mundial dedicado ao Darfur: a tragédia continua não obstante os apelos
(17/9/2007) A nível internacional, multiplicam-se os apelos para a paz no Darfur
e neste Domingo, Dia Mundial do Darfur, mais de 30 países foram palco de manifestações
de diverso tipo, exigindo que os líderes internacionais imponham finalmente a paz
naquela martirizada região. Quando todas as partes se declaram disponíveis para
um cessar-fogo, a guerra civil no Darfur, continua a matar civis inocentes perante
a incapacidade do mundo de lhe pôr fim. Iniciado em 2003, o conflito nesta região
do oeste do Sudão fez já mais de 200 mil mortes e provocou pelo menos 2,4 milhões
de deslocados. Ainda sexta-feira, antevéspera do Dia Mundial para o Darfur, o presidente
sudanês, Omar el-Béchir, anunciou estar “disposto” a um cessar-fogo com os grupos
rebeldes locais antes do recomeço das negociações de paz, previstas para 27 de Outubro,
na Líbia. Em Itália, onde foi recebido pelo primeiro-ministro Romano Prodi e pelo
Papa Bento XVI, Omar el-Béchir garantiu que pretende criar um “clima positivo” para
as negociações e exortou à participação de todos os grupos rebeldes. Um acordo de
paz conseguido em Abuja, em 2006, foi assinado por apenas um grupo rebelde armado.
Os restantes grupos reuniram-se no início de Agosto em Arusha, na Tanzânia, para definirem
um programa conjunto tendo em vista as negociações com Cartum. Ontem, o primeiro-ministro
britânico prometeu o seu apoio às forças de paz na região sudanesa de Darfur, manifestando
igualmente o desejo de que esta missão seja estabelecida até ao final deste ano. O
chefe do governo britânico qualificou a situação no Darfur como “uma das maiores tragédias
do nosso tempo”, depois de o conflito explodir em Fevereiro de 2003, quando dois grupos
rebeldes se levantaram em armas para protestar contra a pobreza e a marginalização
da zona, que faz fronteiriça com o Chade, e pelo controlo dos seus recursos naturais. Entretanto,
mantêm-se os preparativos para estacionar uma força mista ONU-União Africana na região,
para impor a paz. Durante muito tempo recusada por Cartum, a decisão de estacionar
esta força de 26 mil homens foi tomada em Julho pelo Conselho de Segurança, visando
pacificar a região, onde as forças governamentais defrontam milícias aliadas dos grupos
rebeldes. Certo é que quatro anos e meio após o seu início, o conflito prossegue com
acções de violência quotidianas.