ZIMBÁBUE: ARCEBISPO DEFENSOR DOS DIREITOS HUMANOS RENUNCIA AO GOVERNO PASTORAL DE
BULAWAYO
Bulawayo, 11 set (RV) – Em Zimbábue, uma das vozes mais fortes, quanto às críticas
ao regime de Robert Mugabe, o Arcebispo Pius Alick Ncube, apresentou sua renúncia
ao governo pastoral da Arquidiocese de Bulawayo.
Segundo um comunicado da Santa
Sé, divulgado esta manhã, o papa aceitou o pedido de renúncia de Dom Ncube, com base
no cânone 401, § 2, do Código de Direito Canônico, que prevê a renúncia por motivos
de "saúde precária ou outra causa grave".
Dom Pius Alick Ncube, de 60 anos,
é um conhecido defensor dos direitos humanos, e tem denunciado com freqüência, o presidente
Mugabe, por aumentar o controle do Estado até mesmo sobre as atividades da Igreja.
Mesmo sofrendo ameaças, o Arcebispo sempre considerou que é parte de sua vocação,
elevar a voz em defesa dos necessitados e dos indefesos, e assegura que não teme por
sua pessoa.
Em junho passado, o prelado afirmou que estava pronto para "sair
às ruas", e pediu a seus compatriotas que participassem de grandes manifestações,
com o objetivo de derrubar o regime de Mugabe, que está no poder desde 1986.
Num
comunicado, Dom Ncube explica sua decisão de renunciar ao governo pastoral da Arquidiocese,
atribuindo-a às acusações que lhe foram feitas recentemente, de que ele teria amantes.
O arcebispo afirma que tais notícias difamatórias são um "ataque mal-intencionado,
engendrado pelo governo". Todavia _ argumenta _ "quero afrontar tais acusações como
Pius Ncube; não quero arrastar a Igreja Católica a este julgamento" _ acrescenta.
As
acusações de que foi vítima o arcebispo fazem parte de uma campanha de descrédito
dos opositores do governo, e um dos mais ferrenhos é justamente Dom Pius Alick Ncube.
Segundo
a agência CISA, de Nairóbi, Quênia, o arcebispo recebeu a solidariedade da Conferência
Episcopal Sul-africana, que emitiu uma declaração, afirmando que "os cidadãos de Zimbábue
e a comunidade internacional não serão intimidados em sua intenção de continuar os
esforços para encontrar uma solução aos graves problemas que afligem o país, neste
momento".
Por outro lado, diversas associações de defesa de direitos humanos
em Zimbábue também expressaram solidariedade e estima a Dom Ncube, um dos maiores
críticos do regime local. O "Zimbabwe Lawyers for Human Rights" afirma que as acusações
contra Dom Ncube são apenas uma "tática alternativa" para distrair a atenção da população,
dos reais problemas do país. (JD/AF)