2007-09-11 18:07:14

ZIMBÁBUE: ARCEBISPO DEFENSOR DOS DIREITOS HUMANOS RENUNCIA AO GOVERNO PASTORAL DE BULAWAYO


Bulawayo, 11 set (RV) – Em Zimbábue, uma das vozes mais fortes, quanto às críticas ao regime de Robert Mugabe, o Arcebispo Pius Alick Ncube, apresentou sua renúncia ao governo pastoral da Arquidiocese de Bulawayo.

Segundo um comunicado da Santa Sé, divulgado esta manhã, o papa aceitou o pedido de renúncia de Dom Ncube, com base no cânone 401, § 2, do Código de Direito Canônico, que prevê a renúncia por motivos de "saúde precária ou outra causa grave".

Dom Pius Alick Ncube, de 60 anos, é um conhecido defensor dos direitos humanos, e tem denunciado com freqüência, o presidente Mugabe, por aumentar o controle do Estado até mesmo sobre as atividades da Igreja.

Mesmo sofrendo ameaças, o Arcebispo sempre considerou que é parte de sua vocação, elevar a voz em defesa dos necessitados e dos indefesos, e assegura que não teme por sua pessoa.

Em junho passado, o prelado afirmou que estava pronto para "sair às ruas", e pediu a seus compatriotas que participassem de grandes manifestações, com o objetivo de derrubar o regime de Mugabe, que está no poder desde 1986.

Num comunicado, Dom Ncube explica sua decisão de renunciar ao governo pastoral da Arquidiocese, atribuindo-a às acusações que lhe foram feitas recentemente, de que ele teria amantes. O arcebispo afirma que tais notícias difamatórias são um "ataque mal-intencionado, engendrado pelo governo". Todavia _ argumenta _ "quero afrontar tais acusações como Pius Ncube; não quero arrastar a Igreja Católica a este julgamento" _ acrescenta.

As acusações de que foi vítima o arcebispo fazem parte de uma campanha de descrédito dos opositores do governo, e um dos mais ferrenhos é justamente Dom Pius Alick Ncube.

Segundo a agência CISA, de Nairóbi, Quênia, o arcebispo recebeu a solidariedade da Conferência Episcopal Sul-africana, que emitiu uma declaração, afirmando que "os cidadãos de Zimbábue e a comunidade internacional não serão intimidados em sua intenção de continuar os esforços para encontrar uma solução aos graves problemas que afligem o país, neste momento".

Por outro lado, diversas associações de defesa de direitos humanos em Zimbábue também expressaram solidariedade e estima a Dom Ncube, um dos maiores críticos do regime local. O "Zimbabwe Lawyers for Human Rights" afirma que as acusações contra Dom Ncube são apenas uma "tática alternativa" para distrair a atenção da população, dos reais problemas do país. (JD/AF)







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