2007-09-08 17:53:19

“Dais testemunho daquele Amor que se doou pelos homens e assim venceu a morte. Estais da parte daqueles que nunca experimentaram o amor, que já não conseguem acreditar na vida”. Bento XVI aos padres, religiosos, diáconos e seminaristas no Santuário de Mariazell.


(8/9/2007) “O centro da missão de Jesus Cristo e de todos os cristãos é o anúncio do Reino de Deus” – recordou Bento XVI, neste sábado à tarde, dirigindo-se, nas Vésperas celebradas em Mariazell, com padres, religiosos e religiosas, diáconos e seminaristas austríacos. O Papa recordou que esta missão requer de todos os baptizados “o testemunho de um sentido que se radica no amor criativo de Deus e se opõe a toda a insensatez e a todo o desespero”. Exigência que diz respeito por maioria de razão aos padres e aos consagrados:


“Vós estais da parte de todos os que querem dar à vida uma forma positiva. Rezando e pedindo, sois os advogados daqueles que procuram a Deus. Vós dais testemunho duma esperança que, contra toda a forma de desespero mudo ou manifesto, remete para a fidelidade e para a atenção amorosa de Deus. Estais assim da parte de todos os que têm o dorso vergado sob o peso de duros destinos e não se conseguem libertar dos seus fardos. Dais testemunho daquele Amor que se doou pelos homens e assim venceu a morte. Estais da parte daqueles que nunca experimentaram o amor, que já não conseguem acreditar na vida.


“Seguir a Cristo (sublinhou o Papa) significa crescer na partilha dos seus sentimentos e na assimilação do estilo de vida de Jesus… Foi olhando para Cristo, grande Mestre de vida, que a Igreja descobriu três características que ressaltam na atitude de fundo de Jesus. Estas três características tornaram-se as componentes determinantes de uma vida empenhada no seguimento radical de Cristo: pobreza, castidade e obediência.”


Começando pela pobreza e passando depois à castidade e à obediência, Bento XVI comentou brevemente o sentido de cada um dos chamados “conselhos evangélicos”.


A pobreza “evangélica” é conformidade com a pobreza do próprio Jesus:


“Jesus Cristo, que era rico de toda a riqueza de Deus, e se fez pobre por nós. Despojou-se a sim mesmo e humilhou-se fazendo-se obedientes até à morte de cruz. Ele, o Pobre, chama bem-aventurados os pobres. (…) O cristão vê neles Cristo que o espera, aguardando o seu empenho. Quem quer seguir a Cristo de modo radical deve renunciar decididamente aos bens materiais. Mas deve viver esta pobreza a partir de Cristo, como um tornar-se interiormente livre para Deus e para o próximo”.


Para bem compreender o que significa castidade – observou o Papa – temos que partir do seu conteúdo positivo, também aqui olhando para Jesus:


“Jesus viveu (a castidade) numa dupla orientação: para com o Pai e para com o próximo. Na Sagrada Escritura ficamos a conhecê-lo como pessoa que reza, que passa noites inteiras em diálogo com o Pai. Rezando, Ele inseria a sua humanidade e a de todos nós na relação filial com o Pai”.


“Este diálogo tornava-se sempre depois missão em relação ao mundo, a nós. A sua missão conduzia Jesus a uma dedicação pura e indivisa aos homens”. “Jesus amou os homens como amou o seu Pai. O entrar nestes sentimentos de Jesus inspirou a Paulo uma teologia e uma prática de vida que corresponde à palavra de Jesus sobre o celibato pelo Reino dos céus” – explicou Bento XVI. “Os padres, religiosos e religiosas não vivem sem elos interpessoais”.


“Com o voto de castidade no celibato, não se consagram ao individualismo ou a uma vida isolada, mas prometem solenemente pôr totalmente e sem reservas ao serviço do Reino de Deus as intensas relações de que são capazes e que recebem como um dom. Deste modo se tornam homens e mulheres de esperança: contando totalmente com Deus, criam espaço na sua presença – na presença do Reino de Deus – no mundo”.


“Também hoje em dia o mundo tem necessidade do nosso testemunho” – assegurou o Papa, que se referiu finalmente à obediência. “Desde os anos escondidos em Nazaré até ao momento da morte na cruz, Jesus viveu toda a sua vida na escuta de Deus, na obediência ao Pai. Vemos por exemplo, na noite, no Monte das Oliveiras: ‘Não se faça a minha, mas a tua vontade’.” Também aqui o Papa concluiu com um esclarecimento sobre o verdadeiro sentido deste conselho evangélico:


“Escutar a Deus e obedecer-lhe nada tem a ver com constrição a partir de fora e perda de si mesmo. Só entrando na vontade de Deus atingimos a nossa verdadeira identidade. Testemunhar esta experiência é hoje necessário ao mundo, precisamente em relação com o seu desejo de ‘auto-realização’ e de ‘autodeterminação’.








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