PAPA HOMENAGEIA EM SILÊNCIO, VÍTIMAS AUSTRÍACAS DO NAZISMO
Viena, 07 set (RV) - Bento XVI orou, nesta sexta-feira, em Viena, diante do
monumento às vítimas da Shoah, para homenageá-las, em silêncio, junto com representantes
da pequena comunidade judaica na Áustria.
"É o momento de expressar nossa tristeza,
nosso arrependimento e nossa amizade aos nossos irmãos judeus" _ dissera o papa horas
antes, durante o vôo que o levou do aeroporto romano de Ciampino à capital austríaca,
em sua primeira visita apostólica a esse país.
A cerimônia realizou-se na "Judenplatz"
(Praça dos Judeus), no centro de Viena, diante do simples monumento de concreto, erigido
para recordar o sofrimento dos judeus deportados pelos nazistas.
O grão-rabino
da Áustria, Paul Chaim Eisenberg, e outros representantes da comunidade judaica no
país, estavam ao lado do papa, e rezaram a "Kaddish", a oração pelos mortos, na religião
judaica. Durante o período nazista, 60 mil judeus austríacos morreram, e 125 mil
foram forçados ao exílio.
O cardeal-arcebispo de Viena, Christoph Schönborn,
recordou as raízes judaicas do Cristianismo e a participação de parte de seus compatriotas
nas atrocidades nazistas.
"Pedro era judeu. Os apóstolos eram judeus. Maria
era judia e Jesus, seu filho e nosso Senhor, também era judeu, através dela" _ disse
o Cardeal Schönborn, pouco antes da cerimônia diante da "Coluna de Maria" na praça
"Am Hof".
"Uma das tragédias desta cidade é que ela esqueceu suas raízes, chegando
até a negá-las e a querer destruir este povo, o primeiro amado por Deus" _ acrescentou
o cardeal, referindo-se aos massacres perpetrados pelos nazistas.
Sobre o mesmo
assunto, o presidente austríaco, Heinz Fischer, afirmara, ao dar as boas-vindas ao
papa, esta manhã, que a Áustria "deve reconhecer as horas sombrias" de sua história.
Bento
XVI já havia classificado o holocausto de "crime sem equivalente na história", durante
sua visita ao campo de concentração de Auschwitz, Polônia, em 28 de maio de 2006.
(AF)