A Igreja deve perder o medo de ser livre: D. Carlos Azevedo pede «ousadia» da Igreja,
na sua acção social, e menos dependência dos subsídios
(7/9/2007) "A tradição dá modelos e mostra que houve ousadia em determinados tempos
da história por parte de muitas figuras da Igreja" - afirmou aos jornalistas D. Carlos
Azevedo, bispo Auxiliar de Lisboa, no encerramento da Semana da Pastoral Social que
ontem (6 de Setembro) terminou em Fátima. O momento actual "é de crise" e "com
situações clamorosas". Perante este cenário, o bispo auxiliar de Lisboa apela à "reflexão
sobre a realidade" e à existência de mística, "algo que nos galvanize e motive". Neste
contexto social é fundamental "encontrar perspectivas utópicas" que "nos lancem para
caminhos quase do impossível e nos levem a perder o medo". Nos domínios governamentais,
da economia, da política, as "pessoas vivem situações de medo" - salienta. A Acção
Sócio-Caritativa da Igreja está dependente dos protocolos com o Estado mas "o imperativo
do amor cristão não pode ficar impedido por apoios de subsídios". E alerta: "Temos
de encontrar formas alternativas e inovadoras". Com ou sem apoios do Estado, D.
Carlos Azevedo realça que "se o Estado tiver miopia para não ver a importância deste
trabalho devemos encontrar formas para responder às reais necessidades das pessoas".
A Igreja deve "perder o medo de ser livre nestas dimensões" - sublinha o D. Carlos
Azevedo. Na sua conferência - subordinada ao tema «Tradição e inovação no agir
da Igreja» - o bispo auxiliar de Lisboa disse às centenas de pessoas que "ser neutrais
no campo social é já estar de um lado porque a imparcialidade é impossível". E finaliza:
"Não intervir é pecar. Há silêncios, ausências, desconhecimentos que fazem o jogo
da maldade". (Com Ecclesia)