IGREJA NA GUINÉ-BISSAU PEDE RECONHECIMENTO DA MEDICINA TRADICIONAL

Bissau, 03 set (RV) – A Igreja Católica na Guiné-Bissau pediu ao governo do país, na última sexta-feira, que reconhecesse a Medicina tradicional, que é a base do tratamento médico para grande parte dos guineenses, de acordo com um responsável da cúria da Diocese de Bissau.

Pe. Domingos Cá, vigário-geral da cúria diocesana da capital guineense, afirmou que "o país ganharia muito" se o governo reconhecesse o papel da Medicina tradicional, dando valor aos curandeiros. Os curandeiros são os detentores do saber tradicional e ancestral, que utilizam, sobretudo, as plantas, para a cura de diferentes doenças.

Em função do alto índice de analfabetismo e dos parcos meios econômicos à disposição, a maioria dos guineenses recorre aos curandeiros, para a resolução de problemas da saúde. Assim sendo, a Igreja pede que o governo incentive o Ministério da Saúde Pública, para que reconheça esses "curandeiros", protegendo o "conhecimento" dessas pessoas.

A posição da Igreja foi defendida pelo Pe. Domingos Cá, no âmbito das celebrações do Dia Africano da Medicina Tradicional, celebrado em 31 de agosto. De acordo com o vigário-geral da Diocese de Bissau, a Igreja guineense dedica uma atenção especial à Medicina tradicional, a ponto de adotar o "Manual à base do natural e farmácias naturais" em vários hospitais e centros de saúde.

Nessas "farmácias", os pacientes encontram uma variedade enorme de medicamentos, em forma de comprimidos, xaropes ou pomadas extraídos de plantas medicinais da Guiné-Bissau, observou Pe. Domingos Cá.

A Caritas guineense tem em funcionamento, já há cinco anos, um grupo temático de pesquisa sobre a Medicina tradicional, que conta com um botânico, um biólogo, uma farmacêutica e um médico. Em breve, o grupo temático da Caritas vai publicar um cartaz, contendo ilustrações de 15 plantas medicinais da Guiné-Bissau, úteis para resolver os "problemas mais comuns" no país, antecipou Pe. Domingos Cá.

No entanto, a organização apresentou hoje ao público, uma exposição composta de uma variedade de produtos terapêuticos produzidos por 40 curandeiros voluntários. Na exposição se pode encontrar desde sabonete e produtos dietéticos até medicamentos naturais para diabéticos e antiinflamatórios, todos à base de produtos naturais. (CM/AF)