Em Loreto Bento XVI encontra os jovens da Itália e do resto da Europa,convidando-os
a não se deixarem desencorajar pelas dificuldades. "Nada é impossivel para quem confia
em Deus"... Devemos ajudar-nos mutuamente para caminhar para Cristo, pois ele nos
deixou a comunhão”.
(1/9/2007) Um ano antes da Jornada Mundial da Juventude, na Austrália, Bento XVI
foi ao encontro dos jovens católicos da Itália e do resto da Europa na localidade
de Loreto, um dos santuários marianos mais importantes da Itália. O encontro tem
lugar ao longo deste fim-de-semana: o tema principal é a condição juvenil vista como
“lugar de marginalidade, mas condição privilegiada de encontro com Deus”.. Em
Loreto encontram-se cerca de 400 mil jovens de toda a Itália, para além de 800 jovens
delegados que procedem de lugares como a Dinamarca, Grã-Bretanha, Letónia, Estónia,
Argélia, Egipto, Tunísia, Jordânia, Autoridade Palestiniana, Israel e Turquia. Da
Ucrânia chegaram representantes de rito latino e greco-católicos, enquanto a delegação
líbia é formada por um egípcio, três iraquianos e dois filipinos. As delegações
mais numerosas são a polaca (com aproximadamente cem jovens, em boa parte de Cracóvia),
seguida da húngara, da francesa, da espanhola, da croata, da grega, da russa, da portuguesa
e da eslovena. Cada uma dessas delegações está formada por cerca de 25 jovens. Proveniente
de Castel Gandolfo, Bento XVI chegara a Loreto na tarde deste sábado, cerca das
17h30; e pouco depois efectuou a sua entrada em Montorso, onde foi acolhido por milhares
de jovens provenientes de todas as regiões da Itália, numa “agorà” católica que deseja
ser uma etapa de aproximação ao Dia Mundial da Juventude, programado como dissemos,
para Julho de 2008, na Austrália. Durante cerca de três horas Bento XVI conversou
com os jovens e respondeu às suas questões.. “Em nome de todos os jovens aqui presentes,
a sua presença é sinal do amor do Pai. Representa um sinal da Igreja aos jovens. Estivemos
a preparar-nos durante o último ano para este encontro. Queremos fazer uma igreja,
próxima e simpática e que procure outros jovens que aqui não estão presentes”, disse
um jovem italiano no início da cerimónia. “Sabemos que apenas Cristo Ressuscitado
é a luz do mundo e queremos ser suas testemunhas, queremos ser fieis à vocação do
nosso baptismo. Estamos aqui por nos queremos empenhar num voto concreto na esperança.
O mundo juvenil não é como descrevem: superficial. Queremos ser activos na sociedade,
na família, na escola e na comunidade. Queremos desenvolver as nossas capacidades
para sermos testemunhas da caridade”. O Pe. Giancarlo Bossi, convidado a estar
presente no encontro, agradeceu a todos a sua presença a “todos os jovens pelas vossa
orações” e pediu “fidelidade a Cristo, à sua Cristo, à nossa vocação de missionários”
O sacerdote que foi sequestrado nas Filipinas, que foi o primeiro a falar publicamente
na presença de Bento XVI, quis lembrar ainda os missionários e as pessoas que as missões
ajudam. Seguiram-se testemunhos de jovens que falam do trabalho que fazem nas
paróquias, no seu trabalho, apresentando um quadro próximo da realidade de tantos
jovens ali presentes. Tem início o diálogo com os jovens. -Respondendo a uma pergunta
sobre a inquietação que pertence a grande parte dos jovens do mundo inteiro e de
todas as religiões; a inquietação de quem se sente perdido num mundo vasto e complexo
e pergunta qual é o meu lugar? Como evitar de ficar á margem da sociedade e da historia?,
Bento XVI respondeu salientando antes de mais que segundo o projecto divino o mundo
não conhece periferias. Para Deus estamos todos ao centro, porque todos somos por
ele amados e chamados a realizar coisas grandes, cada um segundo a própria vocação. Ide,
vivei e amai - disse Bento XVI aos jovens presentes em Loreto – Aos olhos de Deus
cada um de vós é importante. Sois importantes para as vossa famílias, para os vossos
amigos, para os vossos educadores, para o vosso país, para o mundo inteiro, para a
Igreja, para Jesus Cristo. Se olhardes á vossa volta dar-vos-eis conta que o presente
vos chama a serdes protagonistas, nos vários ambientes onde viveis e trabalhais. Se
depois olhardes em frente, descobrireis com alegria que o futuro está encerrado na
vossa capacidade de responder ao convite de Cristo a amar sem reservas. Portanto -
salientou Bento XVI – nenhum de vós se sinta marginal; nenhuma vida é sem importância
e sem sentido; pelo contrário, senti-vos todos verdadeiramente importantes, protagonistas,
porque estais no centro do amor de Deus. Bento XVI agradece o diagnostico apresentado
pelos jovens e as dificuldades que encontram nos dias de hoje. “Cada jovem deve descobrir
o seu caminho com Cristo, de forma a realizar o seu projecto pessoal”, afirma o Papa.
Andar para à frente, quando tudo é tão burocrático e depende dos poderes económicos
“é difícil, mas a família é o encontro das gerações e aqui encontram a coragem para
caminhar. Devemos dar-lhe esse espaço”. “Devemos formar centros de esperança,
justiça e solidariedade que sejam testemunhos para a sociedade moderna. Contra o desespero
devemos colaborar solidariamente para os homens possam viver. O mundo em que vivemos
deve testemunhar o empenho da juventude. Não basta a nossa força, mas conduzidos pela
nossa fé e com a comunhão com Maria e Cristo fazemos algo de essencial”. Uma jovem
diz que nem sempre é fácil falar de Deus na sociedade de hoje e com os amigos. “A
beleza da criação é uma das formas onde podemos perceber a presença do Senhor e como
Ele é bom”, responde o Papa. “Devemos ter o coração aberto pela presença de Deus.
A celebração litúrgica e o diálogo aberto com Cristo são momento de força na fé e
onde Deus se revela”. Na Igreja devemos procurar a Igreja viva, não as proibições
ou a instituição. Relembrando a sua viagem ao Brasil, onde esteve na Fazenda Esperança,
Bento XVI refere que percebeu a esperança no meio tantos toxicodependentes. “Não podemos
deixar que destruam a vida. Devemos ajudar-nos mutuamente para caminhar para Cristo,
pois ele nos deixou a comunhão”. A Igreja não limita a nossa liberdade, “devemos encará-la
como um caminho para a revelação de Deus”. Uma outra pergunta dirigida ao Papa
esteve centrada na insegurança e no medo que caracterizam de maneira diferente a existência
de todos; Bento XVI recordou antes de mais que insegurança e medo se enfrentam e superam
, não sozinhos mas em companhia: em companhia dos pais, e dos educadores, do grupo
de amigos com os quais partilham o caminho de fé, sobretudo em companhia da Comunidade
dos crentes, da Igreja. Em Cristo – salientou depois o Papa dirigindo-se aos jovens
– podeis encontrar a resposta ás perguntas mais intimas do coração, porque Ele e somente
Eleé capaz de vos tornar completamente livres e capazes de amar. No discurso
que mais tarde dirigiu aos jovens, Bento XVI recordou que se cada um deles permanece
unido a Cristo poderá realizar coisas grandes. É por isso – salientou – que não deveis
ter medo de sonhar, de olhos abertos, grandes projectos de bem e não deveis deixar-vos
desencorajar pelas dificuldades. Nada é impossível para quem confia em Deus e a Ele
se entrega. Hoje ainda, às 21h15, Bento XVI transferir-se-á para o Santuário mariano
de Loreto para um momento de oração em privado e depois, em ligação via vídeo com
a multidão de jovens, dará inicio à vigília nocturna. Amanhã, 2 de Setembro, o
dia inicia-se com a Missa, às 9h30, seguida da tradicional oração mariana do Angelus.
Na parte da tarde, às 17h00, tem lugar o encontro com a população de Loreto no átrio
do Santuário, e às 17h45 o regresso de helicóptero a Castel Gandolfo.