ANISTIA INTERNACIONAL DENUNCIA DESAPARECIMENTO DE DEZENAS DE MILHARES DE PESSOAS
Londres, 31 ago (RV) - A organização de defesa dos direitos humanos, Anistia
Internacional (AI), denunciou o desaparecimento de dezenas de milhares de pessoas
nos últimos 20 anos, "grave violação dos direitos humanos que continua ocorrendo e
que vem se ampliando nos últimos anos, no âmbito da chamada "guerra contra o terrorismo",
encabeçada pelos Estados Unidos".
Por ocasião do Dia Internacional dos Desaparecidos,
a secção espanhola da Anistia Internacional pediu a ratificação da nova Convenção
da ONU contra Desaparecimentos Forçados. Cada desaparecimento, afirma a Anistia Internacional,
viola um amplo conjunto de direitos humanos e, em último caso, o direito à vida, já
que as pessoas desaparecidas costumam ser assassinadas.
Além disso, o problema
causa "especial angústia aos parentes das vítimas, para quem fica impossível verificar
se a pessoa está viva ou morta". "Isso não é coisa do passado. Continua ocorrendo
no mundo todo. Em Sri Lanka, por exemplo, pelo menos mil pessoas foram vítimas de
desaparecimento desde o início de 2006" _ afirmou Esteban Beltrán, diretor da Anistia
Internacional na Espanha.
No capítulo sobre a Colômbia, o relatório da AI diz
que, em 2006, foram achadas mais de 80 valas comuns, com os restos de 200 pessoas
assassinadas por grupos paramilitares. Segundo a unidade de Justiça e Paz, continuam
sem ser localizados "os restos de três mil desaparecidos".
Na Chechênia, a
prática continua: a ONG russa "Memorial" avalia que de, 3 a 5 mil homens, mulheres
e crianças desapareceram, nessa república russa, desde 1999.
No Paquistão,
nos últimos anos, centenas de pessoas foram detidas arbitrariamente e, a seguir, desapareceram
sem deixar rastros.
O Comitê Internacional da Cruz Vermelha defende a criação
de uma comissão de Verdade e Justiça no Brasil e aponta que uma iniciativa nesse sentido
pode ajudar o país a voltar a página das violações ocorridas durante o regime militar
em nosso país (1964-1985).
O livro-documento "Direito à Memória e à Verdade"
marcou a celebração da data de ontem no Brasil. O volume apresenta, detalhadamente,
as circunstâncias da morte dos 339 casos avaliados pela Comissão Especial de Mortos
e Desaparecidos Políticos. No livro-documento, integrantes dos órgãos de repressão
da ditadura militar são acusados de decapitar, estuprar, torturar, ocultar cadáveres
e executar presos que se opunham ao regime.
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva afirmou, no lançamento do livro, que o governo continuará o trabalho de busca
dos restos mortais dos desaparecidos políticos da época do regime militar, sem que
isso signifique uma atitude de "revanchismo" em relação às forças armadas. "Vamos
continuar os trabalhos e daremos uma resposta aos familiares das vítimas. A história
do Brasil precisa desta verdade, tal qual ela é" _ disse Lula..
Na cerimônia
de lançamento do livro, no Palácio do Planalto, na presença de vários ministros e
parlamentares, familiares de desaparecidos durante a ditadura reivindicaram a abertura
dos arquivos secretos do país, com a esperança de descobrir o destino de seus parentes.
(CM/AF)