FAMÍLIA IMPERIAL E IGREJA PEDEM EXAME DOS SUPOSTOS RESTOS DOS FILHOS DO CZAR
Moscou, 27 ago (RV) - A Casa Imperial russa e a Igreja Ortodoxa receberam com
prudência, a descoberta dos supostos restos mortais de dois dos filhos do último czar
da Rússia, Nicolau II, executados pelos bolcheviques, e pediram um estudo exaustivo
das ossadas.
"A Grã-duquesa Maria Vladimirovna Romanova recebeu com cautela
a notícia" _ informou o chefe da Chancelaria da Casa Imperial, Aleksandr Zakatov,
em declarações divulgadas nos dias passados, pelo jornal russo "Kommersant". Ela considera
necessário um exame aprofundado para estabelecer se os corpos são, efetivamente, de
membros da dinastia Romanov.
Um grupo de arqueólogos anunciou, na semana passada,
ter encontrado, numa floresta perto de Ecaterimburgo, nos Urais, os presumíveis corpos
dos herdeiros do Czar. No mesmo local, em 1991, foram achados os restos da maior parte
da família imperial, além de fragmentos de esqueletos de outras duas pessoas, com
sinais de múltiplas fraturas.
Serguei Pogorelov, subdiretor de pesquisas arqueológicas
da região de Sverdlovsk, disse que sua equipe considera que os restos são do "czarevich"
Alexei, herdeiro do trono russo, e de sua irmã, a princesa Maria. Até agora os dois
corpos não haviam sido encontrados.
Além de pedaços de ossos, os arqueólogos
encontraram dentes, balas de diversos calibres e pedaços de cerâmica. Isso confirmaria
que os corpos _ como aconteceu com os demais membros da família imperial russa _ teriam
sido destruídos após o fuzilamento, borrifados com ácido sulfúrico.
A família
imperial foi executada pelos bolcheviques, na madrugada de 17 de julho de 1918, no
porão da Casa Ipatiev, em Ecaterimburgo, onde Nicolau II, que havia abdicado do trono
no ano precedente, havia sido confinado.Os supostos restos do Czar e oito parentes
e pessoas de confiança foram achados em 1991. Depois de identificados, foram enterrados
com muita pompa em 1998, na fortaleza de São Pedro e São Paulo, em São Petersburgo.
Mas faltavam ainda, Alexei e Maria.
"Temos certeza de que, desta vez, se estabelecerá
a verdade e não se repetirá o espetáculo político de 1998" _ ressaltou o porta-voz,
destacando que a Igreja Ortodoxa russa, em 2000, canonizou o czar e a sua família
como "mártires do comunismo". A Igreja Ortodoxa também pediu a realização de um minucioso
exame: "Queremos que a perícia seja mais minuciosa do que a realizada sobre os "restos
de Ecaterimburgo", que não reconhecemos como sendo da família imperial" _ disse o
bispo Mark de Yegorievsk, do Patriarcado de Moscou.
Nikolai Nevolin, chefe
do departamento médico-legal da região de Sverdlovsk, anunciou que seus especialistas
realizarão um exame genético dos restos, para descobrir a idade e o sexo dos mortos.
Além disso, o exame dos restos permitirá individuar o gene da hemofilia, doença de
que Alexei sofria.
Segundo o relatório oficial, os nove esqueletos encontrados
em 1991 eram de Nicolau II, da imperatriz Alexandra, das princesas Olga, Tatiana e
Anastasia, de Yevgueni Botkin, médico da família real, Ana Demidova, dama de companhia
da imperatriz, Alexei Trupp, oficial de câmara do Czar, e Ivan Jaritonov, cozinheiro
da família imperial russa. (AF)