CARDEAL ERRÁZURIZ OSSA ADMITE MODIFICAÇÕES NO DOCUMENTO FINAL DA CONFERÊNCIA DE APARECIDA
Santiago de Chile, 18 ago (RV) – O cardeal-arcebispo de Santiago do Chile,
Francisco Javier Errázuriz Ossa, admitiu ontem, que as conclusões da V Conferência
Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe, realizada de 13 a 31 de maio passado,
em Aparecida, São Paulo, foram modificadas, antes de serem entregues ao papa, mas
sublinhou que tais modificações foram feitas "sem trair o espírito do texto".
A
declaração do cardeal é uma resposta à revelação feita ontem, pelo jornal paulista
"O Estado de São Paulo", de que o documento conclusivo teria sofrido alterações, não
apenas de caráter gramatical e redacional, mas também conceituais e de conteúdo.
O
Cardeal Errázuriz Ossa rebateu, assegurando aos jornalistas que as modificações carecem
de relevância.
"São formulações que não têm a importância que lhes estão atribuindo
neste momento" _ argumentou o purpurado, que era presidente do Conselho Episcopal
Latino-americano (CELAM), quando da realização da conferência de Aparecida.
"Não
sei quem o alterou, mas quero saber, porque não é a primeira vez que isso acontece"
_ afirmou o cardeal-arcebispo de Salvador, Bahia, Geraldo Majella Agnelo, primaz do
Brasil, em declarações ao "O Estado de São Paulo".
"As mudanças mais significativas
_ segundo teriam informado ao diário paulista, leigos e teólogos latino-americanos
_ se referem às CEBs (Comunidades Eclesiais de Base), núcleos vinculados à Teologia
da Libertação, com grande atuação pastoral e ideológica no continente, nos últimos
40 anos" _ afirma o "O Estado de São Paulo".
Depois de ter sido aprovado pelos
266 bispos que estiveram reunidos em Aparecida, o documento foi corrigido pelo cardeal-arcebispo
de Santiago do Chile, Francisco Javier Errázuriz Ossa, e pelo bispo de Reconquista,
Argentina, Dom Andrés Stanovnik, então presidente e secretário, respectivamente, do
CELAM (Conselho Episcopal Latino-americano).
A seguir, foi entregue a Bento
XVI, pelo Cardeal Majella Agnelo (um dos presidentes da conferência de Aparecida),
juntamente com os cardeais Errázuriz Ossa e Giovanni Battista Re, este último, prefeito
da Congregação para os Bispos.
O Geraldo Majella Agnelo pediu que a versão
original do documento fosse restaurada, mas o atual presidente do CELAM e arcebispo
de Aparecida, Dom Raymundo Damasceno Assis, considera difícil que o texto possa ser
modificado, depois de ter sido aprovado por Bento XVI. (AF)