DECISÃO DA ANISTIA INTERNACIONAL SOBRE O ABORTO LEVA BISPO INGLÊS A DEIXAR A ORGANIZAÇÃO
Roma, 21 ago (RV) - Do mundo católico, mas também de vários âmbitos da sociedade
civil, continuam as críticas em relação à decisão tomada pela Anistia Internacional,
de inserir entre os direitos humanos o aborto em caso de violência sexual.
Anistia
internacional, organização de defesa dos direitos humanos fundada em 1961, pelo advogado
inglês Peter Benenson, um anglicano convertido ao Catolicismo, ratificou a decisão
sobre o aborto na sexta-feira passada, durante sua 28ª Assembléia Geral, realizada
no México. A tomada de posição causou fortes polêmicas até mesmo dentro da organização
humanitária.
O bispo de East Anglia, Inglaterra, Dom Michael Charles Evans,
retirou seu apoio à Anistia Internacional, depois de mais de 30 anos de colaboração,
em sinal de protesto contra a nova política da organização, sobre o aborto.
O
prelado disse que trabalhou 31 anos com a Anistia Internacional e procurou encorajar
os católicos das paróquias e das escolas a se associarem, além de envolver também
outras pessoas. "Isso é uma coisa muito triste, pois gosto muito do trabalho da Anistia
Internacional. É uma organização maravilhosa, que realiza um grande trabalho e que
trabalhou com a Igreja Católica no passado. Para mim, deixá-la é uma grande tristeza"
_ acrescentou. Dom Michael disse ainda, que a Anistia Internacional,
no momento, está fazendo uma campanha muito importante, que tem como objetivo frear
a violência contra as mulheres e "devemos apoiá-la inteiramente" _ afirmou o bispo,
sublinhado também, que os católicos devem fazer muito mais, para apoiar as mulheres
que foram estupradas ou sofreram outros tipos de violência sexual, ou qualquer outra
forma de violência.
"Temos de ver se nós, comunidade católica, estamos realmente
fazendo algo para ajudá-las. O modo para ajudar as mulheres que foram vítimas de estupros
não é o de exercer uma nova violência, desta feita contra uma criança que está no
seu ventre. Um dos direitos humanos fundamentais é precisamente o direito à vida"
_ ressaltou o bispo.
Segundo o prelado, os membros da Anistia Internacional,
em relação ao aborto, possuem opiniões divergentes. "Deveria ser óbvio para eles,
que se continuarem nesta estrada, dividirão os membros dentro da organização e prejudicarão
seu próprio trabalho. Este é o meu medo, e também uma preocupação ética" _ disse ainda
Dom Michael Charles Evans.
Dom Michael explicou que, no Reino Unido, por exemplo,
durante uma assembléia realizada em abril passado, uma parte dos membros votou a favor
dessa decisão, e outra foi contrária. "As divisões existem até aqui na Inglaterra
e não somente no resto do mundo" _ sublinhou.
"Algumas pessoas dentro de Anistia
Internacional _ sublinhou o prelado _ sobretudo nos Estados Unidos e Inglaterra, pressionam
para que o aborto seja reconhecido em nível internacional."
O prelado finalizou,
argumentando que continuará se empenhando na defesa do mandato inicial da Anistia
Internacional, contra a tortura e a pena de morte entre outros, procurando encontrar
uma solução sobre como trabalhar com as organizações que não partilham determinados
aspectos. "Não sei ainda como _ ressalta o prelado _ mas devemos pensar num modo criativo."
(MJ/AF)