ONGs PEDEM ABERTURA DE ARQUIVOS DA DITADURA NO BRASIL
Brasília, 20 ago (RV) - Entidades de direitos humanos reunidas em Brasília
pedem abertura dos arquivos da ditadura militar no Brasil.
A abertura dos
arquivos do período do regime militar (1964-1985), para identificar quem foram os
mortos e quem ordenou essas mortes e seu porquê, e a revisão da lei de anistia, para
punir os torturadores: essas são as principais reivindicações contidas na carta-síntese
que concluiu o Seminário Nacional sobre a Memória da Luta pelos Direitos Humanos,
um encontro de três dias, encerrado sábado, em Brasília, com a participação de expoentes
da Igreja Católica no Brasil.
Segundo a coordenadora nacional do Movimento
Nacional de Direitos Humanos (MNDH), Rosiana Queiroz, as perguntas fundamentais são
estas: quem matou, quem ordenou, porque ordenou tais mortes e onde estão os corpos
dos desaparecidos? As famílias precisam de respostas a essas questões, porque são
perguntas fundamentais" _ sublinhou Rosiana Queiroz.
Ela lamentou a pouca participação
de representantes do governo no seminário: o ministro-chefe da Secretaria Especial
de Direitos Humanos, Paulo de Tarso Vannuchi, participou apenas da abertura do encontro,
na noite de quinta-feira, dia 16... Mas Rosiana Queiroz disse que tem a promessa do
ministro, de se comprometer na liberação de documentos arquivados da época da ditadura.
O bispo auxiliar de Goiás, Dom Tomás Balduíno, conselheiro da Comissão diocesana
de Pastoral da Terra, saudou o seminário como "uma feliz idéia, muito oportuna, porque
é o instrumento da sociedade civil trabalhar nas assembléias, consultas públicas,
e mobilizações". "O seminário tem o poder de aprofundar questões, abrir o debate e
socializar a temática, que traz muito conhecimento conceitual e conhecimento informativo,
para o prosseguimento da luta" _ acrescentou.
Em sua exposição, durante a sessão
de sábado, Dom Tomás Balduíno fez um histórico da participação da Igreja Católica
em prol das lutas sociais, principalmente depois do Concílio Vaticano II, "quando
a Igreja sublinhou sua opção preferencial pelos pobres".
Em entrevista à imprensa,
Dom Tomás Balduíno afirmou que "o governo Lula corre o risco de passar à história
como aquele que permitiu a devastação da Amazônia e do nosso país, assim como o governo
anterior, de Fernando Henrique Cardoso, ficou marcado como o que permitiu a privatização
do nosso patrimônio". (CM/AF)