CARDEAL-ARCEBISPO DE VIENA CONVIDA CATÓLICOS AUSTRÍACOS A SAÍREM DAS PARÓQUIAS PARA
TESTEMUNHAR A FÉ ENTRE OS DISTANTES
Cidade do Vaticano, 18 ago (RV) - Bento XVI recebeu em audiência, esta manhã,
na residência pontifícia de verão de Castel Gandolfo, o cardeal-arcebispo de Viena,
Christoph Schönborn, acompanhado do bispo de Graz-Seckau, Dom Egon Kapellari.
O
encontro se dá a cerca de três semanas da viagem pastoral do papa à Áustria, que se
realizará de 7 a 9 de setembro próximo, com o lema: "Olhar para Cristo"... e sereis
minhas testemunhas".
Sobre essa visita do Santo Padre, que se insere no âmbito
da celebração dos 850 anos de fundação do santuário mariano de Mariazell, a Rádio
Vaticano entrevistou o Cardeal Schönborn. À vigília da peregrinação do papa a Viena
e a Mariazell, a Igreja austríaca se mostra muito dinâmica e muito viva. Fala-se de
um despertar após os momentos difíceis dos anos passados...
Cardeal Christoph
Schönborn:- "Fico contente de ouvir que há um grande despertar. Nem todos vêem
assim, porque há também sinais de cansaço, não apenas na Igreja, mas também na sociedade.
Registramos uma espécie de falta de "vento", para se usar uma linguagem do mar. Uma
coisa, porém, é verdade: após anos muito difíceis, estamos vendo uma tomada de consciência,
um sentido da coragem mais explícito por parte dos cristãos austríacos, que sentem
sempre mais, que esta nossa sociedade precisa do Evangelho, da fé, da oração... Mas,
sinceramente, devo dizer também, que não sei se, diante desse desafio, estamos à altura
daquilo que o Senhor nos pede. Ele pede que andemos avante, que saiamos das nossas
comunidades, para dar testemunho do Evangelho. Não somos ainda bastante e suficientemente
missionários."
P. Cardeal Schönborn, quais são, neste momento, as prioridades
pastorais para a Igreja e para os bispos na Áustria?
Cardeal Christoph
Schönborn:- "Dentro da Igreja _ em primeiro lugar _ há a realidade da grande rede
das comunidades paroquiais, que têm uma grande vitalidade, mas também todos os problemas
que derivam da falta de sacerdotes e de jovens. Trata-se, portanto, de encorajar toda
a rede das paróquias de toda a Áustria, e essa é uma das principais finalidades da
viagem do Santo Padre: de fato, foram convidados a Mariazell, com prioridade, os representantes
dos Conselhos Pastorais das paróquias. O Santo Padre terá palavras explícitas de encorajamento
para eles. Outro desafio, desta feita ad extra, isto é, fora das comunidades
paroquiais, é _ sem dúvida alguma _ a missionariedade: a disponibilidade a abrir-se
a outros, à maioria da sociedade, ou seja, à maioria dos nossos cidadãos que, muitas
vezes, são pessoas distantes da fé e da Igreja. Repito: o grande desafio hoje é a
missionariedade. E nós o experimentamos em nossa bonita experiência da "Grande Missão"
da cidade de Viena, da qual nasceram várias iniciativas missionárias que ainda hoje
estão em andamento. Também nesse âmbito esperamos muito do encorajamento do Santo
Padre... "Ide e dêem testemunho da vossa fé!"
P. A Igreja austríaca tem
outro compromisso prioritário, isto é, a Doutrina Social da Igreja. Quais são as considerações
da Igreja na Áustria sobre a realidade atual e sobre as dinâmicas sociais do país?
Cardeal
Christoph Schönborn:- "Deve-se dizer, em primeiro lugar, que a sociedade austríaca
vive, neste período, um bem-estar único, talvez inédito em sua história. Além disso,
o clima social é muito sereno. Por exemplo, não existem mais as grandes greves do
passado. O desemprego existe, mas seu índice é muito mais baixo do que em outros países.
Devemos agradecer a Deus por essa situação muito favorável. Por outro lado, porém,
existem algumas situações preocupantes: a primeira é o constante e considerável aumento
do fosso social entre ricos e pobres. O número de pessoas que vivem no nível mais
baixo de bem-estar ou no nível de pobreza está em contínuo aumento. Esse fenômeno
é conseqüência da globalização que, obviamente, por si, não é negativa em todos os
seus aspectos _ certamente não! _ mas causa essa situação que muito nos preocupa.
Outro ponto diz respeito ao acolhimento à vida. Essa grande ferida existe em muitos
países europeus, mas, sobretudo, entre nós, na Áustria. O "sim" à vida, tanto em seu
início quanto em seu fim natural, é cada vez mais colocado em discussão."
P.
Cardeal Schönborn, quais são as expectativas dos austríacos e dos católicos? O que
os senhores esperam de Bento XVI que, dentro de poucas semanas, visitará Viena e Mariazell?
Cardeal
Christoph Schönborn:- "Como ele mesmo disse no início de seu pontificado, Bento
XVI virá entre nós para "mostrar a beleza da fé'; para mostrar como é bonito seguir
Cristo. Nós esperamos com alegria esse encorajamento". (RL/AF)