A paz de Jesus não é ausência de conflitos: Bento XVI ao Angelus, em Castelgandolfo.
O Papa exprime sua proximidade às vítimas do terramoto no Peru e exorta à solidariedade
(19/8/2007) Bento XVI interrogou-se sobre o sentido da expressão evangélica: a que
se refere o Senhor quando diz ter vindo trazer “a divisão”? "Esta expressão de
Cristo significa que a paz que Ele veio trazer não é sinónimo de mera ausência de
conflitos. Pelo contrário, a paz de Jesus é fruto de uma constante luta contra o mal.
O confronto que Jesus está decidido a sustentar não é contra homens ou poderes humanos,
mas contra o inimigo de Deus e do homem, Satanás. Quem quer resistir a este inimigo,
permanecendo fiel a Deus e ao bem deve necessariamente enfrentar incompreensões e
por vezes verdadeiras perseguições. Por isso, os que desejam seguir Jesus e empenhar-se
a favor da verdade sem (ceder a) compromissos devem saber que encontrarão incompreensões
e que se tornarão, mesmo sem querer, sinal de divisão entre as pessoas, porventura
mesmo no seio da sua própria família." O Papa observou que não obstante seja sagrado
o amor aos pais, contudo, para ser vivido de modo autêntico, nunca pode ser colocado
acima do amor de Deus e de Cristo. Será assim que os cristãos se tornarão “instrumentos
da sua paz”. "Seguindo os passos de Jesus, os cristãos tornam-se assim instrumentos
da sua paz, segundo a célebre expressão de São Francisco de Assis. Não de uma
paz inconsistente e aparente, mas real, procurada com coragem e tenacidade no empenho
quotidiano de vencer o mal com o bem e pagando pessoalmente o preço que isso representa. Foi
depois da recitação do Angelus que o Papa assegurou, nomeadamente nas saudações aos
peregrinos de língua espanhola, toda a sua atenção e oração às populações do Peru: "Com
constante preocupação e grande afecto, sinto-me muito próximo de todos estes irmão
e irmãs tão duramente provados. Encomendo ao Senhor as numerosas vítimas e feridos,
assim como todos os que perderam casa e bens. Que a intercessão da Virgem Maria desperte
em todos sentimentos de caridade e solidariedade fraterna que permitam aliviar esta
difícil situação." Não faltou também uma saudação em língua portuguesa: "Saúdo
os peregrinos de língua portuguesa: desejo a todos felicidades, paz e graça no Senhor!
Em particular, saúdo os brasileiros da diocese de Jundiaí, acompanhados por D. Joaquim
Justino Carreira, Bispo Auxiliar de São Paulo. Que a luz de Cristo anime sempre a
vossa fé, esperança e caridade, numa vida digna, cristã e repleta de alegrias. E dou-vos
de coração, extensiva aos vossos familiares e pessoas amigas, a minha Bênção."