(9/8/2007) Duas semanas de chuvas das monções deixaram o sul da Ásia na iminência
de uma crise sanitária. O alerta das Nações Unidas associa-se ao da Unicef, que lembra
a precariedade em que a região se encontra agora que as chuvas pararam e o nível começou
a descer. Há duas semanas que o sul da Ásia tem estado a ser fustigado pelas chuvas
das monções, com a subida do nível das águas a submergir aldeias inteiras no Nepal,
Índia e Bangladesh. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, lamentou, em comunicado,
os mais de 450 mortos e a devastação provocada pelas inundações, manifestando-se preocupado
com os milhares de deslocados que enfrentam agora a escassez de comida e água potável,
associadas ao risco de epidemias de malária, leptospirose ou dengue. No comunicado,
o secretário-geral das Nações Unidas felicitou os países afectados pela resposta “efectiva
e rápida às inundações” e reafirmou a disposição das Nações Unidas para ajudar. Por
seu lado, o responsável pela Saúde do Fundo das Nações Unidas Para a Infância (Unicef)
na Índia, Marzio Babille, alertou para a existência na região de milhões de crianças
que enfrentam uma “crise sanitária iminente” por causa das inundações.
Em comunicado,
o responsável adianta que, agora que as chuvas pararam e o nível começou a descer,
as águas paradas, o corte das comunicações e a falta de água potável tornaram precárias
as condições de salubridade na região. “Povoações inteiras estão apenas a dias de
sofrer uma crise de saúde se não for possível restabelecer o contacto”, avisou. De
acordo com o responsável, as águas estagnadas são terreno fértil para doenças como
a diarreia ou a malária “potencialmente a um nível epidémico”. “As crianças, que representam
40 por cento da população do sul da Ásia, são particularmente susceptíveis”, acrescentou
Marzio Babille. As autoridades indianas registaram já pelo menos mil pessoas doentes
com cólera e gastroenterites. No Bangladesh, a Organização Mundial de Saúde registou
1.400 casos de diarreia em 24 horas. Segundo a Unicef, o difícil acesso a numerosas
regiões e o corte das comunicações provocado pelas inundações está a dificultar as
operações de ajuda humanitária, que frequentemente são feitas com recurso a embarcações
ou meios aéreos. O programa alimentar da Unicef tem estado a distribuir ajuda de emergência
no Bangladesh e no Nepal, segundo o porta-voz da organização em Genebra, adiantando
que a Índia não pediu ajuda.
A ONU e a organização não governamental Oxfam
estimaram em vários milhões de dólares o montante da ajuda indispensável para atender
às cerca de 28 milhões de pessoas deslocadas. A chuva que caiu durante mais de uma
semana no sul da Ásia, naquele que é já considerada uma das piores épocas de monções,
afectou só na Índia mais de 20 milhões de pessoas sobretudo nos Estados de Assam,
Bihar y Uttar Pradesh. Desde o início de Junho, mais de 1.200 pessoas morreram no
país em consequência das chuvas que, de acordo com a previsão da Organização Mundial
de Meteorologia deverão recomeçar a cair em breve.