O Vaticano rejeita a proposta do “Economist”, que propunha que a Santa Sé renunciasse
ao seu estatuto diplomático, passando a "definir-se como a maior ONG do mundo”.
(9/8/2007) Numa entrevista ao quotidiano católico italiano, “L’Avvenire”, o arcebispo
Dominique Mamberti (substituto da Secretaria de Estado, espécie de ministro dos Negócios
Estrangeiros da Santa Sé) defende o papel da diplomacia do Vaticano ao serviço da
paz e dos direitos humanos, assumindo nomeadamente posições contra-corrente relativamente
à cultura dominante. “Não admira – declara D. Mamberti – que se queira diminuir o
eco da sua voz”. De facto, “desempenhando o seu próprio papel internacional, a Santa
Sé está sempre ao serviço da salvação integral do homem, segundo o mandato recebido
de Cristo”. “Por detrás do convite a reduzir-se a uma ONG – prossegue o prelado
– para além da incompreensão sobre o estatuto jurídico da Santa Sé, existe também,
provavelmente, uma visão redutiva da sua missão, que não é sectorial ou ligada a interesses
particulares, mas sim universal, abarcando todas as dimensões do homem e da humanidade”.
“É por isso que a acção da Santa Sé, no âmbito da comunidade internacional, é muitas
vezes sinal de contradição, porque ela não cessa de elevar a sua voz em defesa
da dignidade de cada pessoa e da sacralidade da vida humana, sobretudo do mais débil
, assim como na tutela da família fundada no matrimónio entre um homem e uma mulher,
para reivindicar o direito fundamental à liberdade religiosa e para promover entre
homens e povos relações assentes sobre a justiça e a solidariedade”. Na referida
entrevista, D. Mamberti deixa a hipótese de que a proposta do semanário inglês possa
ser porventura motivada “por uma compreensão não exacta do lugar da Santa Sé na comunidade
internacional, (incompreensão) que remonta aos inícios da própria comunidade internacional
e se foi consolidando sobretudo no final do século XIX. Com o desaparecimento dos
Estados Pontifícios, tornou-se cada vez mais claro (observa) que a personalidade
jurídica internacional da Santa Sé é independente do critério da soberania territorial”.