CARDEAL JEAN-LOUIS TAURAN DIZ QUE BALANÇO DA GUERRA ANGLO-AMERICANA NO IRAQUE É NEGATIVO
Cidade do Vaticano, 6 agos (RV) - O presidente do Pontifício Conselho para
o Diálogo Inter-religioso, Cardeal Jean-Louis Tauran, disse hoje numa entrevista à
revista italiana "30 Giorni", que o "balanço da guerra anglo-americana no Iraque
é negativo, os cristãos são mais perseguidos que antes, e que o Iraque está se afundando
numa guerra civil".
O purpurado sublinhou ainda que basta olhar a situação
do Iraque, pois os "fatos falam por si mesmos" _ respondendo a uma pergunta na qual
se lembra o seu parecer negativo acerca da decisão dos EUA e da Grã-Bretanha de iniciar
a guerra contra Saddam Hussein.
"Ter marginalizado a comunidade internacional
_ explica o cardeal _ foi um erro. Foi usado um método injusto. O que vemos hoje?
O poder está nas mãos dos mais fortes, dos xiitas, e o país está afundando numa guerra
civil confessional que não poupa nem mesmos os cristãos, que paradoxalmente eram mais
protegidos com a ditadura."
"Não me parece que a iniciativa anglo-americana
tenha tido um êxito positivo. Teria preferido ser um mau profeta. Mas infelizmente
não foi assim" _ disse ainda o purpurado.
Ainda na mesma entrevista, o Cardeal
Tauran reiterou que a Santa Sé está intencionada a manter aberto o diálogo com o Islã,
quer com o Islã moderado, quer com os componentes mais rígidos e tradicionais que
porém rejeitam a violência.
O purpurado disse ainda que "mesmo não tendo atualmente
um diálogo teológico, é possível haver um diálogo cultural, de caridade e de paz".
Para
o presidente do referido organismo vaticano, o ocidente vê freqüentemente o Islã como
um "bloco único", quando na verdade existem vários Islãs, entre os quais aquele que
mata, e com o qual não é possível diálogo.
Questionado sobre o discurso do
papa na universidade de Regensburg, na Alemanha, o Cardeal Tauran afirma que, "num
primeiro momento", esse pronunciamento tinha comprometido o diálogo, mas que "depois,
sobretudo durante a viagem à Turquia, o papa se explicou muito bem".
"Devemos
privilegiar o diálogo com o Islã moderado e também com os representantes islâmicos
que, mesmo tendo uma visão rígida da própria fé, negam o uso da violência" _ finalizou
o purpurado. (MJ)