2007-08-02 13:55:20

Santa Sé favorável ao uso pacífico da tecnologia nuclear, com as necessárias garantias de segurança


(2/8/2007) O Vaticano considera que existem hoje em dia os pressupostos “para uma política energética integrada, que contemple, ao lado de formas da chamada energia limpa, também a energia nuclear”.
Na sequência da intervenção do Papa, domingo passado, ao Angelus, sobre o uso pacífico da energia nuclear, rejeitando as armas atómicas e destinando a verba das despesas militares ao desenvolvimento dos países pobres, nesta quarta-feira interveio também sobre esta temática o cardeal Renato Raffaelle Martino: em entrevista ao programa italiano da nossa Emissora, o purpurado explicita os contornos da posição da Santa Sé.

Porquê impedir a aplicação pacífica da tecnologia nuclear no campo agrícola, medicinal e energético ? – interroga-se o presidente do Conselho Pontifício Justiça e Paz. Conhecendo as objecções que se levantam a este propósito, o cardeal Martino recorda desde logo a necessidade de assegurar “a segurança das instalações e dos depósitos” e de “regulamentar de maneira severa a produção, distribuição e o comércio da energia nuclear”, como premissas de uma política energética integrada.
Excluir “a energia nuclear por uma questão de princípio, ou então por medo dos desastres – observa o purpurado – poderia ser um erro e em alguns casos conduz a efeitos paradoxais. Pense-se no caso da Itália, que em 1987 abandonou a produção de energia nuclear; mas que hoje em dia importa da França essa mesma energia e exporta para o estrangeiro centrais nucleares produzidas por empresas de capital maioritariamente do Estado. Em última análise, é necessário e imperioso avaliar com a máxima prudência a possibilidade de um uso pacífico da tecnologia nuclear. Isso, em todo o caso, na certeza de que as obras do engenho humano, portanto também as conquistas no campo nuclear hão-de ser postas ao serviço da família humana. A tecnologia pode ser um mal pelo uso errado que dela se possa fazer, não um mal em si”.

O cardeal Renato Martino não esquece os desastres nucleares – de Chernobyl ao recente caso ocorrido no Japão, mas considera que é tempo de “formular correctamente a questão e de fixar com racionalidade os pontos fundamentais de uma hipotética política nuclear”, considerando precisamente a complexidade da matéria.
O presidente do Conselho Pontifício Justiça e Paz recordou a posição da Santa Sé, sempre contrária ao nuclear militar, insistindo num desarmamento balanceado mas cada vez mais decidido. Desarmamento que deve ser alargado ao sector químico, biológico e das armas convencionais. Reafirmado também o direito dos Estados ao uso pacífico da energia nuclear. Neste contexto, relança-se o papel da AIEA – a Agência Internacional da Energia Atómica – para uma real conversão da política mundial que gasta demasiado com as armas. O equilíbrio do terror não garante a paz; pelo contrário, é uma ameaça para a família humana – recordou a concluir o cardeal Martino.








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