PREMIER DA ITÁLIA PEDE AJUDA AOS PADRES PARA ACABAR COM SONEGAÇÃO FISCAL
Roma, 1º agos (RV) - O primeiro-ministro da Itália, Romano Prodi, pede a ajuda
dos padres católicos do país para acabar com a sonegação fiscal, um crime responsável
por privar o governo de verbas das quais precisa desesperadamente.
"Um terço
dos italianos sonega uma grande parte de seus impostos", afirmou Prodi, numa entrevista
à importante revista católica Famiglia Cristiana. As declarações do premier
ganharam grande repercussão nos jornais desta quarta-feira.
"Por que, quando
vou à missa, essa é uma questão quase nunca citada nas homilias?", perguntou o premier.
A
Itália registra o maior déficit público da Europa em termos absolutos. O governo estima
que a sonegação fiscal gire em torno de 7% do Produto Interno Bruto (PIB) do país,
ou cerca de 100 bilhões de euros por ano.
Segundo as autoridades italianas,
esse coeficiente de sonegação é quase duas vezes maior do que o de países como a França,
a Alemanha e a Grã-Bretanha, e quase quatro vezes a de países como a Áustria, a Holanda
e a Irlanda.
Um líder católico italiano afirmou que, ao mesmo tempo em que
a Igreja encoraja o pagamento de impostos, o governo também precisa, caso espere ter
mais cooperação, mostrar aos contribuintes que gasta o dinheiro arrecadado de forma
adequada.
"Se, em alguns momentos, a Igreja se mostra cautelosa a respeito
desse assunto, isso se deve ao fato de o sistema tributário nem sempre parecer justo",
disse ao jornal Corriere della Sera, o renomado teólogo Bruno Forte, arcebispo
da arquidiocese italiana de Chieti-Vasto (região central).
A campanha de Prodi
no combate à sonegação transformou-se num dos marcos de seu governo, que conta atualmente
com baixos índices de popularidade. Segundo a atual liderança italiana, a campanha
é um dos motivos pelos quais a arrecadação de impostos aumentou 6% na primeira metade
de 2007.
O premier, pressionado para diminuir os impostos, sugeriu que um número
excessivo de italianos continua mentindo a respeito de suas rendas. Prodi perguntou
se era razoável que apenas 300 mil contribuintes _ de um total de 40 milhões _ tenham
ganhado mais de 100 mil euros por ano. (PL)