TALIBÃS PEDEM AO PAPA QUE CONDENE A MORTE DE CIVIS NOS BOMBARDEIOS DAS POTÊNCIAS OCUPANTES
Cidade do Vaticano, 30 jul (RV) - Bento XVI fez um apelo aos talibãs, no Angelus
deste domingo, para que libertem os 22 cristãos sul-coreanos seqüestrados no dia 19
do corrente na província afegã de Ghazni, durante a viagem que faziam entre Cabul
e Qandahar, no sul do Afeganistão.
Em seu apelo, o pontífice disse que "se
trata de graves violações da dignidade humana, que estão em contraste com toda norma
elementar da civilização e do direito, e que ofendem gravemente a lei divina".
Por
sua vez _ em resposta ao apelo do pontífice _ os talibãs pediram ao papa que ele condene
as perdas civis provocadas pelas forças internacionais no Afeganistão. "Por que o
papa não condena as mortes de civis provocadas pelas tropas estrangeiras? Elas bombardeiam
inocentes" _ questionou Youssouf Armadi, porta-voz dos insurgentes, garantindo que
as forças internacionais mantinham afegãos presos.
"Enquanto mulheres afegãs
forem mantidas em prisões norte-americanas de Bagram e Qandahar, nós não aceitaremos
o pedido do papa"_ acrescentou por telefone Youssouf Armadi à agência France Press,
dizendo ainda ao papa que se ele realmente quer a libertação dos cristãos sul-coreanos,
que também peça a libertação dos afegãos presos.
Por outro lado, o diretor
da Sala de Imprensa da Santa Sé, Pe. Federico Lombardi, disse hoje que o "Santo Padre
manifestou várias vezes o seu pesar pelas vítimas inocentes de tantos conflitos em
andamento no mundo. Ele não as esquece absolutamente" _ afirmou Pe.Lombardi em entrevista
à agência de notícias ANSA.
Pe. Lombardi disse ainda que o pontífice quis manifestar
a sua preocupação pelo aumento de uma forma particular de violência que se exprime
na captura de reféns inocentes e nas ameaças de morte.
"Dessa forma, se agrava
sempre mais o círculo vicioso do ódio e da morte. É um apelo que compartilha todo
aquele que tem em seu coração o respeito, a dignidade da pessoa humana e a luta pela
paz"_ concluiu Pe. Lombardi.
Após o vencimento, nesta segunda-feira, de dois
ultimatos para o cumprimento de exigências do grupo radical islâmico Talibã, os insurgentes
afegãos voltaram a estender até a próxima quarta-feira o prazo para a libertação ou
a execução dos referidos 22 reféns missionários protestantes sul-coreanos.
O
presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, assegurou no domingo que seu Executivo fará
todos os esforços possíveis para a libertação dos reféns através de uma solução conveniente.
O
governo afegão foi alvo de duras críticas em abril passado, por ter libertado cinco
prisioneiros talibãs em troca do jornalista italiano Daniele Mastrogiacomo, que tinha
sido seqüestrado pelos insurgentes em março. (MJ-PL)