ZIMBÁBUE: BISPO DE HWANGE DENUNCIA CORRUPÇÃO EM TODOS OS NÍVEIS
Harare, 28 jul (RV) - O bispo da Diocese de Hwange, em Zimbábue, Dom José Alberto
Serrano Antón, disse ontem, sexta-feira, em Luanda, Angola, que o nível de corrupção
daquele país "está crescendo em todos os níveis".
"A corrupção está crescendo
em todos os níveis, desde o mais alto nível, dos líderes do país. Se não tivermos
um pouco mais de cuidado, vamos ter uma sociedade corrupta", disse em declarações
à Rádio Eclésia _ emissora católica de Luanda.
Segundo o prelado, a situação
atual de Zimbábue se deve "ao mau governo". "Nós pensamos que parte disso se deve
ao mau governo, uma indecência. Não estamos melhorando, ao contrário, piorando", afirmou.
Referindo-se ao estado da economia do país, Dom Serrano Antón disse que nos últimos
anos "ela só está baixando".
"Nestes últimos anos, podemos dizer que desde
o ano 2000 a economia está baixando cada dia. A inflação ultrapassa os quatro mil
por cento", frisou o bispo.
O nepotismo e a falta de empregos que afeta a sociedade
de Zimbábue foram também situações apontadas pelo bispo. "Devido ao nepotismo não
há empregos. Faltam critérios morais", disse.
Em abril deste ano, bispos católicos
de Zimbábue acusaram o Presidente Robert Mugabe de chefiar um Governo "mau e corrupto".
Numa
carta pastoral divulgada por ocasião da Páscoa, os prelados defendiam reformas políticas
radicais, como forma de evitar uma revolta generalizada naquele país do sul de África.
A
Conferência episcopal sustenta que a austeridade econômica e a repressão política
deixaram o país em "perigo extremo".
"As razões para o descontentamento são
muitas, entre as quais o mau governo e a corrupção", podia se ler no documento. Os
prelados, em forma de desafio, pediam a Robert Mugabe que pusesse fim à repressão
e deixasse o cargo num processo democrático.
A carta, intitulada "Deus escuta
os gritos dos oprimidos", compara os abusos sob o governo de Mugabe com a opressão
exercida pelos faraós e donos de escravos no antigo Egito. (MZ)