ACUSADOS DA MORTE DE IRMÃ DOROTHY STANG SÃO DENUNCIADOS POR TRABALHO ESCRAVO
Brasília, 26 jul (RV) - O Ministério Público Federal do Brasil denunciou nesta
terça-feira, dia 24, à Justiça Federal em Altamira, no Pará, os acusados pela morte
da Irmã Dorothy Stang, pelos crimes de redução à condição análoga a de escravo, frustração
de direito trabalhista, aliciamento de trabalhadores e falsificação e omissão de informação
em documento público.
Regivaldo Pereira Galvão, Vitalmiro Bastos de Moura,
Vander Paixão Bastos de Moura e Valdivino Felipe de Andrade Filho são acusados de
manter 28 trabalhadores em condição de escravidão na Fazenda Rio Verde, a 60 km de
Anapu, no Pará, na região da Transamazônica, e podem ser condenados a penas que variam
de um a vinte e quatro anos de prisão.
De acordo com a Procuradoria da República
no Pará, o flagrante foi feito em 2004 pelo Grupo Especial de Fiscalização Móvel do
Ministério do Trabalho. Os funcionários foram libertados e tiveram os direitos trabalhistas
pagos.
Eles foram encontrados no meio da mata fechada e tinham como único abrigo
um barraco de palha e plástico preto, com chão de terra batida.
O acampamento
não tinha sanitários, fossas, fornecimento de água potável, ou materiais de primeiros
socorros e os trabalhadores não recebiam equipamentos de proteção individual. Como
o serviço hospitalar mais próximo da área fica a 60km, alguns dos que foram libertados
estavam feridos e não tinham recebido nenhum atendimento médico.
"Nenhum dos
trabalhadores teve seu registro em ficha ou livro próprios, e nem a Carteira de Trabalho
e Previdência Social regularmente anotada e assinada. A jornada de trabalho diária
era abusiva e não concedido o repouso semanal remunerado, remunerando-se os finais
de semana somente se trabalhado. Não houve cadastro e recolhimento de benefícios previdenciários
pelo empregador", informa a denúncia do Ministério Público Federal.
Tanto Regivaldo
Galvão quanto seu sócio Vitalmiro Bastos de Moura são acusados de envolvimento no
assassinato, em 2005, da missionária Dorothy Mae Stang, em Anapu. Vitalmiro já foi
condenado a 30 anos de prisão e Regivaldo, acusado de ser o mandante, deve ser julgado
nos próximos meses pelo crime.
Irmã Dorothy Stang foi assassinada com sete
tiros, aos 73 anos de idade, no dia 12 de fevereiro de 2005, em uma estrada de terra,
a 53Km do município de Anapu, onde está sepultada. (JD)