2007-07-23 13:38:57

ANGELUS: PAPA FAZ APELO PELA PAZ E CONTRA CORRIDA ARMAMENTISTA


Lorenzago di Cadore, 22 jul (RV) - Contra os "inúteis massacres" provocados pelas guerras, que "abrem espaços de inferno" no "jardim do mundo", os homens devem escolher a força do direito e da liberdade, único caminho que pode garantir uma "paz equânime e duradoura": foi o forte apelo feito esta manhã, antes da oração do Angelus, pelo papa Bento XVI, que se dirigiu ao mundo da pequena cidade de Lorenzago di Cadore, nos Alpes italianos, onde se encontra para um período de descanso. A oração mariana realizou-se num clima de grande participação dos fiéis _ cerca de seis mil os presentes _ que aplaudiram e aclamaram o Santo Padre XVI várias vezes.

Bento XVI lançou hoje das ruínas e dos picos de montanhas que foram cenários do primeiro conflito mundial, um grito contra a guerra e fez um apelo contra a corrida armamentista e a renúncia ao direito. O pontífice disse que, nestes dias de descanso, sente "ainda mais intensamente" o "impacto doloroso" das notícias que chegam sobre os "enfrentamentos sangrentos e os episódios de violência que atualmente assolam o mundo". Essa violência o induz, disse, a refletir sobre o "drama" da liberdade humana.

As palavras de Bento XVI neste domingo procuram mexer com as consciências, que em várias partes do mundo ainda não compreenderam que o "jardim" da Terra é um dom de Deus, e cabe ao homem "cultivá-lo e preservá-lo" sem jamais violar a sua beleza com as feridas do ódio:

"Se os homens vivem em paz com Deus e entre eles _ disse o papa _ a Terra se assemelha verdadeiramente a um paraíso. Infelizmente, o pecado arruinou esse projeto divino, gerou divisões e fez entrar a morte no mundo. Os homens cedem à tentação do mal e fazem guerra uns contra os outros. A conseqüência é que, neste esplêndido jardim que é o mundo, se abrem espaços de inferno."

Palavras fortes, herança de uma tradição que desde Bento XV até João Paulo II, foram proferidas muitas vezes, nos microfones da Rádio Vaticano ou na tribuna das Nações Unidas, para reafirmar um conceito chave dos últimos pontificados: "Nunca mais a guerra"!

Precisamente a célebre "Nota às potências beligerantes", enviada por Bento XV no dia 1º de agosto de 90 anos atrás, foi recordada nesta manhã pelo Santo Padre, sublinhando o seu valor "amplo e profético". Essa carta, afirmou Bento XVI, teve no ano de 1917 "a coragem" de definir como "um inútil massacre" a guerra que as nações estavam combatendo, mas ainda hoje _ observou o papa _ pode se aplicar a "tantos outros conflitos que ceifam inúmeras vidas humanas".

"A Nota do papa Bento XV não se limitava a condenar a guerra _ observou Bento XVI _ ela também indicava, num plano jurídico, os caminhos para construir uma paz equânime e duradoura: a força moral do direito, o desarmamento controlado, a arbitragem nas controvérsias, a liberdade dos mares, o recíproco perdão das despesas bélicas, a devolução dos territórios ocupados e equânimes negociações para dirimir os problemas."

Uma Nota, portanto, insistiu o papa, "orientada ao futuro da Europa e do mundo, segundo um projeto cristão na sua inspiração, mas compartilhado por todos, porque baseado no direito dos povos". É a mesma posição _ acrescentou o pontífice _ que os Servos de Deus Paulo VI e João Paulo II seguiram em seus "célebres discursos na ONU". E recordando os "muitos testemunhos" e "os comoventes corais dos Alpinos" que narram os sofrimentos das guerras vividas pelos habitantes de Cadore, Bento XVI concluiu:

"Deste lugar de paz, onde se pode ver ainda mais os inaceitáveis horrores dos inúteis massacres, renovo o apelo a continuar de modo tenaz o caminho do direito, a recusar com determinação a corrida armamentista, a rejeitar a tentação de enfrentar novas situações com velhos sistemas."

Muitas pessoas ilustres participaram do Angelus, neste domingo. Entre outros, o Santo Padre saudou e abraçou o patriarca de Veneza, Cardeal Angelo Scola, e o arcebispo de Hong Kong, Cardeal Joseph Zen Ze-Kiun, que se encontrava acompanhado por cerca de 60 fiéis chineses. O papa também saudou, com particular alegria, o ancião irmão de João Paulo I, Edoardo Luciani.

-Bento XVI ficará em Lorenzago di Cadore até a próxima sexta-feira, dia 27, quando voltará a Roma e irá para a residência pontifícia de verão de Castel Gandolfo, cerca de 30 quilômetros ao sul da capital, onde passará o restante deste tórrido verão europeu.

Enfim, o Santo Padre concedeu a todos a sua Benção Apostólica. (SP)







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