MISSIONÁRIO DO PIME AGRADECE COMOVIDO AO PAPA E AOS QUE LHE ESTIVERAM PRÓXIMOS NOS
39 DIAS DE CATIVEIRO
Manila, 20 jul (RV) - O missionário do Pontifício Instituto das Missões Exteriores
(PIME), Pe. Giancarlo Bossi, seqüestrado no dia 10 de junho passado na ilha filipina
de Mindanao, foi libertado ontem, quinta-feira, a cerca de 10Km de sua paróquia, em
Payao, onde habitualmente trabalha.
O missionário apresenta-se emagrecido,
abatido, mas determinado a voltar logo à vida de sempre. Informado sobre as diversas
iniciativas de solidariedade organizadas pela sua libertação e sobre a oração de Bento
XVI, o sacerdote, comovido, agradeceu _ nos microfones da Rádio Vaticano _ ao Santo
Padre e a todos aqueles que se esforçaram pela sua libertação.
O missionário
encontra-se em Manila, acompanhado do Superior do PIME nas Filipinas, Pe. Gianni Sandalo.
O Pe. Bossi transcorrerá alguns dias de repouso na capital do país asiático. Inicialmente,
ele nos diz como foram esses 39 dias transcorridos como refém:
Pe. Giancarlo
Bossi:- "É uma experiência que não gostaria que ninguém fizesse, porque é muito
dura. Hesitaria muito a aconselhar alguém a fazer uma experiência como a minha. Por
outro lado, estou entendendo aos poucos que nos ensina tantas coisas. Portanto, terei
tempo nestes meses _ creio _ para refletir sobre aquilo que realmente aconteceu."
P.
Pe. Bossi, houve momentos difíceis, momentos que o senhor se sentiu desencorajado?
Pe.
Giancarlo Bossi:- "Não, graças a Deus jamais me desencorajei, graças à experiência
de Pe. Bento, seqüestrado e depois libertado, e de Pe. Giuseppe Pierantoni, também
ele seqüestrado e libertado. Portanto, também eu mantive a calma e me disse: 'também
eu serei um dia libertado'. Jamais perdi a tranqüilidade dentro de mim, e disso devo
verdadeiramente agradecer ao Senhor, que me manteve sereno e tranqüilo diante de tudo
aquilo que estava acontecendo comigo."
P. Havia um diálogo com seus seqüestradores?
Pe.
Giancarlo Bossi:- "Todos os dias conversávamos. Eles rezavam e eu rezava. Uma
das perguntas que eu fazia a eles, e também a mim, era: 'Estamos rezando para o mesmo
Deus ou é um Deus diferente, vez que vocês rezam do lado direito com o fuzil e eu
refém rezo do lado esquerdo? É o próprio Deus que quer todas essas coisas ou não?'
Certas perguntas aos poucos estão ainda dentro de mim e devo ainda aprofundar todo
o sentido dessas coisas."
P. Pe. Bossi, os seqüestradores lhe explicaram
as motivações de seu seqüestro?
Pe. Giancarlo Bossi:- "Eles querem
dinheiro para poder comprar as armas e a motivação para seqüestrar-me é que sou italiano,
portanto, não sendo filipino, o governo teria procurado, com todos os meios, a minha
libertação."
P. O senhor foi informado sobre as tantas iniciativas de oração
e de solidariedade, também sobre a oração do papa pela sua libertação?
Pe.
Giancarlo Bossi:- "Agradeço de coração pela oração do papa e do Pe. Gianni _ superior
do PIME nas Filipinas_ que me explicará melhor aquilo que foi feito por mim. Devo
agradecer, porque a cada dia aumenta a minha alegria. É preciso agradecer a toda essa
gente que rezou por mim. Uma das coisas dessa minha experiência é que no tempo livre,
que era tanto, eu pensava em toda a minha vida, em todas as pessoas que encontrei,
recordava o rosto dos amigos, pensava nos amigos vivos, nos amigos que já morreram,
e creio que também isso tenha sido muito bonito."
P. Pe. Bossi _ uma última
questão _ o senhor é missionário. Como essa experiência fez o senhor ver a sua missão?
Pe.
Giancarlo Bossi:- "Creio que me tenha feito entender que ainda estamos muito distante
de nos reconhecer como irmãos. Eu espero e creio que chegará o dia no qual poderemos
dizer juntos que Deus é nosso Pai, como filhos de Deus, e reconhecer que entre nós
somos verdadeiramente irmãos e irmãs." (RL)