2007-07-10 12:24:07

Congregação para a Doutrina da Fé responde a cinco questões de eclesiologia


(10/7/2007) Perante algumas interpretações erróneas ou redutivas da doutrina do Concílio Vaticano II sobre o mistério da Igreja, a Congregação para a Doutrina da Fé acaba de publicar um breve documento sob forma de resposta a alguns quesitos concretos.
À primeira pergunta - se o Concílio Ecuménico Vaticano II não terá modificado a doutrina anterior sobre a Igreja, responde-se que o Concílio “não quis alterar nem de facto alterou tal doutrina”. Quis “apenas desenvolvê-la, aprofundá-la e expô-la mais amplamente, como o recordou na abertura da primeira sessão o Papa João XXIII e como afirmava Paulo VI no acto de promulgação da Constituição “Lumen Gentium”:
“Esta promulgação nada muda na doutrina tradicional. O que Cristo quis, é o que nós queremos. O que era, permanece. O que a Igreja ensinou ao longo de séculos, de modo semelhante o ensinamos nós. Só que o que se vivia simplesmente, é agora expresso; o que era incerto, foi esclarecido; o que ia sendo meditado, discutido, e em parte era controvertido, chega agora a uma serena formulação”.
A segunda pergunta constitui a questão central desta intervenção da Congregação para a Doutrina da Fé e diz respeito à “afirmação segundo a qual a Igreja de Cristo subsiste na Igreja católica. Pergunta-se como deve ser entendida esta afirmação. Eis o texto completo da resposta:
Cristo constituiu sobre a terra uma única Igreja e instituiu-a como comunidade visível e espiritual, que desde a sua origem e no decurso da história sempre existe e existirá, e na qual apenas permaneceram e permanecerão todos os elementos instituídos pelo próprio Cristo. (Afirma o Concílio): “Esta é a única Igreja de Cristo, que no Símbolo professamos una, santa, católica e apostólica… Esta Igreja, constituída e organizada neste mundo como sociedade, subsiste na Igreja católica, governada pelo Sucessor de Pedro e pelos Bispos em comunhão com ele”.
No número 8 da Constituição Dogmática “Lumen Gentium” a expressão “subsiste” refere esta perene continuidade histórica e a permanência na Igreja Católica de todos os elementos instituídos por Cristo. Na Igreja católica encontra-se concretamente nesta terra a Igreja de Cristo.
Segundo a doutrina católica, ao passo que se pode correctamente afirmar que a Igreja de Cristo está presente e actuante nas Igrejas e nas comunidades eclesiais que ainda não estão em plena comunhão com a Igreja católica, graças aos elementos de santificação e de verdade nelas presentes, a palavra “subsiste” pelo contrário só pode ser atribuída à Igreja católica, pois se refere precisamente àquela nota da unidade professada nos símbolos da fé (Creio… a Igreja “una”); e esta Igreja “una” subsiste na Igreja católica.
O terceiro quesito é como que um desdobramento do anterior, para um melhor esclarecimento: Por que é que se usa a expressão “subsiste” e não se diz simplesmente “é”?
Explicando, em entrevista à Rádio Vaticano, a resposta fornecida a esta interrogação, D. Ângelo Amato, secretário da Congregação para a Doutrina da Fé observa que aquela formulação “não altera a doutrina sobre a Igreja, mas exprime mais claramente que fora da Igreja católica não há um vazio eclesial: encontram-se “numerosos elementos de santificação e de verdade” que, “enquanto dons próprios da Igreja de Cristo, convergem em direcção à unidade católica”.
A quarta questão refere-se ao nome de “Igrejas” atribuído pelo Concílio Vaticano II às Igrejas orientais separadas da plena comunhão com a Igreja Católica. Porquê? – pergunta-se.
Responde-se que “o Concílio quis aceitar o uso tradicional do nome, e isso porque, “aquelas Igrejas, embora separadas, têm verdadeiros sacramentos e sobretudo, em razão da sucessão apostólica, o Sacerdócio e a Eucaristia, por meio dos quais permanecem unidos connosco por vínculos estreitíssimos. Merecem pois o título de “Igrejas particulares ou locais”, e são chamadas Igreja irmãs das Igrejas particulares católicas.
Em todo o caso, a resposta acrescenta ainda que “por outro lado, a universalidade própria da Igreja, governada pelo Sucessor de Pedro e pelos Bispos em comunhão com ele, encontra, devido à divisão dos cristãos, um obstáculo à sua plena realização na história.
Um último quesito diz respeito às Comunidades cristãs nascidas da Reforma do século XVI. Pergunta-se por que é que não lhes é atribuído o título de “Igrejas”. A razão referida é o facto que estas Comunidades não têm a sucessão apostólica no sacramento da Ordem, estando portanto privadas de um elemento constitutivo essencial do ser Igreja. Especialmente pela falta do sacerdócio ministerial, as referidas Comunidades eclesiais não conservaram a substância genuína e íntegra do Mistério eucarístico. Não podem, portanto, segunda a doutrina católica, ser chamadas “Igrejas”, em sentido próprio.
(texto integral em "Documentos")







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