REPRESENTANTE DA SANTA SÉ EXORTA A MAIOR EFICÁCIA NO COMBATE À POBREZA
Genebra, 06 jul (RV) - Ajudas destinadas à geração local de empregos e a potencializar
os sistemas econômico, educacional e de saúde dos países pobres: essa é, no parecer
do observador permanente da Santa Sé nas agências da ONU em Genebra, Suíça, Arcebispo
Silvano Maria Tomasi, a estratégia adequada para combater a pobreza na sociedade globalizada.
Em
pronunciamento feito dias atrás, na sessão do Conselho Econômico e Social das NN.UU.
(ECOSOC), o prelado ressaltou a necessidade de uma análise profunda, por parte dos
países industrializados, das causas e dos erros que até agora, impedem a solução do
problema.
"Mudar a mentalidade local pode tornar-se uma estratégia vitoriosa
na luta contra a pobreza" _ ressaltou o representante vaticano.
Dom Tomasi
retomou as palavras de Bento XVI em sua carta de 16 de dezembro passado, à chanceler
alemã, Angela Merkel, para ressaltar que se "deveria dar a máxima atenção e prioridade"
à questão da pobreza "para o bem dos países ricos e dos países pobres". A carta do
papa fora endereçada em vista da reunião do G-8 (grupo composto pelos sete países
mais industrializados do mundo e mais a Rússia) na Alemanha.
Recordando que,
ainda hoje, no mundo, quase um bilhão e 400 milhões de pessoas vivem com menos de
dois dólares por dia, o representante vaticano evidenciou a urgência de "destinar
as ajudas a projetos mais específicos e menos genéricos, capazes de reforçar, de modo
tangível e verificável, a experiência diária de indivíduos e famílias, no tecido social
da comunidade".
"Tal ajuda eficaz _ acrescentou _ requer múltiplos canais de
distribuição e deveria alcançar as infra-estruturas de base das comunidades; essa
ajuda deve ser garantida não somente pelos governos, mas também por organizações e
instituições presentes na sociedade, inclusive as administradas por grupos religiosos,
como escolas, hospitais e clínicas, centros sociais e programas de educação e recreação
juvenil."
De fato, segundo o observador permanente da Santa Sé, "as pessoas
instruídas podem estabelecer entre si, relações sociais baseadas não na força e no
abuso, mas no respeito e na amizade". Nesse contexto _ continuou Domo Tomasi _ "se
torna mais fácil reduzir a corrupção, uma das chagas dos países pobres", que pode
também desencorajar a confiança e a intervenção dos países doadores.
Além disso
_ frisou o prelado _ são necessários "novos acordos internacionais, que regulem a
exploração dos recursos naturais, que recuperem fundos públicos subtraídos ilegalmente,
que limitem o comércio de armas e eliminem a distribuição distorcida dos subsídios
para a agricultura".
Portanto, se por um lado, os investidores estrangeiros
devem contribuir para o desenvolvimento econômico dos países onde atuam _ precisou
o prelado _ por outro, os vários governos devem "assegurar condições favoráveis a
investimentos éticos, inclusive um sistema eficiente, um sistema fiscal estável, a
proteção do direito de propriedade, e infra-estruturas que permitam o aceso dos produtores
locais aos mercados regionais e globais".
"A erradicação da pobreza é um compromisso
moral" _ concluiu Dom Tomasi. (RL)