MISSIONÁRIO DO PIME DIZ QUE CARTA DO PAPA A CATÓLICOS DA CHINA FAVORECERÁ RENOVADA
EVANGELIZAÇÃO DO GIGANTE ASIÁTICO
Cidade do Vaticano, 04 jul (RV) - A poucos dias da publicação da carta do papa
aos católicos da China, os fiéis do gigante asiático expressam gratidão ao Santo Padre
por esse gesto de amor paterno. É o que ressalta a agência missionária de notícias
_ FIDES _ que fala da mobilização, por parte dos católicos chineses, para difundir
o mais possível a carta do pontífice.
A Rádio Vaticano entrevistou o missionário
do PIME (Pontifício Instituto das Missões Exteriores), Pe. Angelo Lazzarotto, reconhecido
especialista em assuntos chineses. Há tempo trabalhando em Hong Kong, Pe. Lazzarotto
ressalta, sobretudo, o caráter de novidade da carta:
Pe. Angelo Lazzarotto:-
"O fato de o papa ter conseguido afrontar uma complexidade de temas e de situações
de modo tão límpido, tão sereno, tão fraterno e paterno, é muito significativo. Um
modo que, certamente, impressiona todos, também quem a lê na China onde, justamente,
sentem na própria pele esses problemas. Parece-me que o tom com que o papa se dirige
à Igreja na China, até mesmo à classe política, é um tom muito respeitoso, ao mesmo
tempo límpido e claro, que faz apelo não a uma estratégia de prevalência, de poder,
mas à realidade da Igreja Católica, pela qual se sente responsável."
P.
Desde as primeiras páginas do documento, Bento XVI faz votos de uma normalização das
relações com as autoridades civis. E o faz, evocando os princípios da verdade e da
caridade. O papa usa uma linguagem nova, serena, mas ao mesmo tempo corajosa...
Pe.
Angelo Lazzarotto:- "Sim, creio que o papa, por exemplo, quando fala de seu papel
como pastor supremo da Igreja Católica na nomeação dos bispos, o faz de um modo simples,
que evoca a tradição católica, mas o faz também, ajudando os dirigentes do país que
não são cristãos, que, aliás, têm como referência uma ideologia que sabemos não ser
muito benévola com a religião em geral. Dirige-se a eles, ajudando-os a entender que
essa tradição, que na China é comumente definida como uma pretensão do papa, de interferir
nos assuntos internos do país, na verdade é uma coisa aceita em nível internacional,
reconhecida também por convenções. Não se trata de uma autoridade política, diz o
papa, autoridade que se intromete indevidamente em assuntos internos de um Estado,
mas essa nomeação dos pastores por parte do papa é concebida também em documentos
internacionais como um elemento constitutivo do exercício pleno do direito à liberdade
religiosa por parte do papa. Esse é um modo novo que é justamente voltado para o diálogo.
P.
Portanto, um papa que com grande humildade pede para ser ouvido, Pe. Lazzarotto...
Pe.
Angelo Lazzarotto:- "Creio que sim, no sentido que se dá conta de que, no estilo
chinês, não deve haver nem vencidos nem vencedores numa discussão, mas deve haver
dois vencedores, ou seja, é preciso deixar espaço também para a outra parte ter o
direito a manifestar sua posição, e reivindicar seus pontos de vista."
P.
Pe. Lazzarotto, a seu ver, esse documento poderia favorecer uma renovada evangelização
no gigante asiático?
Pe. Angelo Lazzaroto:- "Eu diria que sim, não
somente no grande país que é a China, mas na Ásia e no mundo inteiro. Até então, infelizmente,
as circunstâncias também políticas fecharam a Igreja na China aos contatos até mesmo
com as Igrejas mais próximas. O fato, por exemplo, que algumas semanas atrás uma delegação
oficial de Pequim tenha ido ao Vietnã, à Cidade de Ho Chi Minh, interpelar aquele
bispo sobre as novas relações que se instauraram com o governo vietnamita, me parece
uma coisa nova. Ou ainda, o fato de aquele bispo ter depois feito uma declaração pública,
fazendo votos de que os bispos da China possam reunir-se, para discutir entre eles,
a nova situação, me parecem sinais positivos que _ fazemos votos _ poderiam levar
a Igreja na China a inserir-se plenamente na vida da Igreja presente no mundo inteiro.
Portanto, é uma carta que abriu grandes caminhos para a evangelização e para a missionariedade."
(RL)