2007-07-05 20:19:29

MISSIONÁRIO DO PIME DIZ QUE CARTA DO PAPA A CATÓLICOS DA CHINA FAVORECERÁ RENOVADA EVANGELIZAÇÃO DO GIGANTE ASIÁTICO


Cidade do Vaticano, 04 jul (RV) - A poucos dias da publicação da carta do papa aos católicos da China, os fiéis do gigante asiático expressam gratidão ao Santo Padre por esse gesto de amor paterno. É o que ressalta a agência missionária de notícias _ FIDES _ que fala da mobilização, por parte dos católicos chineses, para difundir o mais possível a carta do pontífice.

A Rádio Vaticano entrevistou o missionário do PIME (Pontifício Instituto das Missões Exteriores), Pe. Angelo Lazzarotto, reconhecido especialista em assuntos chineses. Há tempo trabalhando em Hong Kong, Pe. Lazzarotto ressalta, sobretudo, o caráter de novidade da carta:

Pe. Angelo Lazzarotto:- "O fato de o papa ter conseguido afrontar uma complexidade de temas e de situações de modo tão límpido, tão sereno, tão fraterno e paterno, é muito significativo. Um modo que, certamente, impressiona todos, também quem a lê na China onde, justamente, sentem na própria pele esses problemas. Parece-me que o tom com que o papa se dirige à Igreja na China, até mesmo à classe política, é um tom muito respeitoso, ao mesmo tempo límpido e claro, que faz apelo não a uma estratégia de prevalência, de poder, mas à realidade da Igreja Católica, pela qual se sente responsável."

P. Desde as primeiras páginas do documento, Bento XVI faz votos de uma normalização das relações com as autoridades civis. E o faz, evocando os princípios da verdade e da caridade. O papa usa uma linguagem nova, serena, mas ao mesmo tempo corajosa...

Pe. Angelo Lazzarotto:- "Sim, creio que o papa, por exemplo, quando fala de seu papel como pastor supremo da Igreja Católica na nomeação dos bispos, o faz de um modo simples, que evoca a tradição católica, mas o faz também, ajudando os dirigentes do país que não são cristãos, que, aliás, têm como referência uma ideologia que sabemos não ser muito benévola com a religião em geral. Dirige-se a eles, ajudando-os a entender que essa tradição, que na China é comumente definida como uma pretensão do papa, de interferir nos assuntos internos do país, na verdade é uma coisa aceita em nível internacional, reconhecida também por convenções. Não se trata de uma autoridade política, diz o papa, autoridade que se intromete indevidamente em assuntos internos de um Estado, mas essa nomeação dos pastores por parte do papa é concebida também em documentos internacionais como um elemento constitutivo do exercício pleno do direito à liberdade religiosa por parte do papa. Esse é um modo novo que é justamente voltado para o diálogo.

P. Portanto, um papa que com grande humildade pede para ser ouvido, Pe. Lazzarotto...

Pe. Angelo Lazzarotto:- "Creio que sim, no sentido que se dá conta de que, no estilo chinês, não deve haver nem vencidos nem vencedores numa discussão, mas deve haver dois vencedores, ou seja, é preciso deixar espaço também para a outra parte ter o direito a manifestar sua posição, e reivindicar seus pontos de vista."

P. Pe. Lazzarotto, a seu ver, esse documento poderia favorecer uma renovada evangelização no gigante asiático?

Pe. Angelo Lazzaroto:- "Eu diria que sim, não somente no grande país que é a China, mas na Ásia e no mundo inteiro. Até então, infelizmente, as circunstâncias também políticas fecharam a Igreja na China aos contatos até mesmo com as Igrejas mais próximas. O fato, por exemplo, que algumas semanas atrás uma delegação oficial de Pequim tenha ido ao Vietnã, à Cidade de Ho Chi Minh, interpelar aquele bispo sobre as novas relações que se instauraram com o governo vietnamita, me parece uma coisa nova. Ou ainda, o fato de aquele bispo ter depois feito uma declaração pública, fazendo votos de que os bispos da China possam reunir-se, para discutir entre eles, a nova situação, me parecem sinais positivos que _ fazemos votos _ poderiam levar a Igreja na China a inserir-se plenamente na vida da Igreja presente no mundo inteiro. Portanto, é uma carta que abriu grandes caminhos para a evangelização e para a missionariedade." (RL)







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