(3/7/2007) O número de pessoas vivendo abaixo do limiar da pobreza em todo o Mundo
reduziu-se de 32% para 19% entre 1990 e 2004. Uma diminuição que deixa acreditar que
será possível cumprir os "Objectivos de Desenvolvimento do Milénio" (ODM),
fixados em 2000 pelas Nações Unidas - o principal era reduzir a pobreza extrema e
a fome para metade até 2015. Mas só será conseguido se os países desenvolvidos respeitarem
os compromissos assumidos.
O alerta é lançado pela ONU e assenta no relatório
de progresso dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio" Na África subsariana,
a taxa de pobreza extrema baixou quase cinco pontos percentuais, de 45,9% da população
(em 1999) para 41,1% (2004), mas ainda estão longe de conseguir os objectivos propostos
até 2015: reduzir para metade o número de pobres.
O panorama é mais animador
no Sul e Sudoeste da Ásia e Extremo Oriente, onde "o crescimento económico colocou
a região a caminho de alcançar a meta de pobreza dos OMD", diz o relatório. E registam-se
alguns progressos em certos países africanos, o que demonstra que é possível alcançar
os objectivos se "há uma liderança política forte, políticas consistentes, estratégias
práticas associadas a apoios financeiros e técnicos internacionais".
Os objectivos
para o saneamento básico também estão a ser difíceis de alcançar. Metade da população
do mundo em desenvolvimento continua a não ter acesso ao saneamento básico. A meta
era que mais 1,6 mil milhões de pessoas vivessem as casas com as infra-estruturas
básicas, mas a manter-se a actual situação, 600 milhões ficarão fora desse objectivo.
Estas pessoas vivem sobretudo na África subsariana, onde existem as maiores desigualdades
em termos de acesso a bens básicos.
Entre as razões para a falta de progressos
mais visíveis, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, destaca no prefácio do relatório,
o "facto de os benefícios do crescimento económico não estarem a ser distribuídos
de forma equitativa. Além disso, nalguns países os esforços estão a ser comprometidos
pela insegurança e instabilidade causadas por factores como os conflitos armados e
o VIH/sida.
Ban Ki-moon puxa as orelhas à comunidade internacional, acusando
os países ricos de fugirem à responsabilidades a que se comprometeram em 2000, na
cimeira promovida pela ONU e em que foram aprovados os Objectivos de Desenvolvimento
do Milénio até 2015. E, em 2005, na Cimeira de Gleneagles, concordaram com o reforço
do apoio monetário, o que não aconteceu. Em alguns casos, as ajudas diminuíram.
"Os
países mais industrializados do mundo comprometeram-se a duplicar a ajuda a África
até 2010, mas a ajuda oficial total diminuiu em termos reais em 2,1% entre 2005 e
2006. Só cinco países doadores alcançaram ou excederam a meta das Nações Unidas de
afectar 0,7% do seu Produto Interno Bruto à ajuda ao Desenvolvimento", diz o secretário-geral
da ONU, concluindo: "Não restam dúvidas que é necessário que os líderes políticos
tomem medidas urgentes e concertadas".