A DURA CONDENAÇÃO DO PAPA PELO ASSASSINATO DE 11 DEPUTADOS NA COLÔMBIA, E SEU APELO
PELO IMEDIATO FIM DE TODOS OS SEQÜESTROS
Cidade do Vaticano, 1º jul (RV) - Bento XVI condenou duramente, após a oração
mariana do Angelus, deste domingo, na Praça São Pedro, a morte de 11 deputados estaduais
colombianos, mantidos em cativeiro, por cinco anos, pelas Forças Armadas Revolucionárias
da Colômbia (FARC), definindo o fato como "bárbaro assassinato" e conceituando os
seqüestros como "inadmissíveis formas de violência".
"Da Colômbia _ disse textualmente
o papa _ nos chega a triste notícia do bárbaro assassinato de 11 deputados estaduais,
do departamento do Vale do Cauca, que se encontravam, há mais de 5 anos, nas mãos
das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC). Enquanto elevo orações em sufrágio
de suas almas, me uno à profunda dor dos familiares e da amada nação colombiana, uma
vez mais enlutada pelo ódio fratricida. Renovo o meu caloroso apelo, a fim de que
cessem, imediatamente, todos os seqüestros e para que sejam restituídos a seus entes
queridos, todos aqueles que ainda são vítimas de tais inadmissíveis formas de violência!"
O
pontífice já havia manifestado condolências, ontem, aos familiares dos 11 deputados
colombianos, por meio de um telegrama assinado pelo cardeal secretário de Estado,
Tarcisio Bertone.
Os 11 deputados, seqüestrados desde abril de 2002, morreram
no dia 18 de junho, segundo as FARC, que atribuem a morte dos políticos ao fogo cruzado
durante um ataque de um "grupo militar" contra o acampamento onde estavam os reféns.
O
governo acusou a guerrilha de ter organizado o assassinato premeditado dos reféns,
e garantiu que não há registro de confronto com os rebeldes na área onde, supostamente,
estavam os seqüestrados.
Na alocução que precedeu a oração mariana do Angelus,
o papa comentou a questão da "liberdade", a partir das leituras bíblicas da liturgia
de hoje.
O evangelista Lucas narra que Jesus, ... "como estavam para se completar
os dias em que seria arrebatado deste mundo, dirigiu-se resolutamente para Jerusalém".
Na expressão "resolutamente" _ disse o Santo Padre _ podemos entrever a liberdade
de Cristo. Ele sabe que, em Jerusalém, o espera a morte na cruz, mas em obediência
à vontade do Pai, oferece a si mesmo, por amor.
E é nessa obediência ao Pai
que Jesus realiza a própria liberdade, como escolha consciente, motivada pelo amor.
Quem é mais livre do que Ele, que é Onipotente _ perguntou o papa. Ele porém _ acrescentou
o pontífice _ não viveu a própria liberdade como arbítrio ou como domínio, mas sim
como serviço.
Nesse sentido, o papa recordou que na vida do homem _ de todo
homem _ a liberdade encontra o seu pleno sentido no amor. Quem, de fato, é mais livre?
_ questionou. Quem se reserva todas as possibilidades, por medo de perdê-las, ou quem
se dedica "resolutamente, a serviço dos irmãos e, depois, se vê pleno de vida, pelo
amor que deu e recebeu?
Na esteira da proclamação, nos dias passados, do Ano
Paulino, o Santo Padre recordou que, também Paulo, em sua Carta aos Gálatas, diz:
"Vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Não abuseis, porém, da liberdade, usando-a
como pretexto para servirdes à carne. Ao contrário, fazei-vos servos uns dos outros
pela caridade."
Viver segundo a carne _ disse o pontífice _ significa seguir
a tendência egoísta da natureza humana. Viver segundo o espírito, ao contrário, significa
deixar-se guiar, nas intenções e nas obras, pelo amor de Deus, que Cristo nos doou.
A liberdade cristã _ acrescentou Bento XVI _ é o oposto da arbitrariedade:
é seguimento de Cristo no dom de si mesmo, até o sacrifício na cruz. Pode parecer
um paradoxo _ refletiu o papa _ mas o ponto alto de sua liberdade, o Senhor o viveu
na cruz, como ápice do amor.
Quando lhe gritavam _ enquanto ele estava pregado
na cruz _ "Se és o Filho de Deus, desce da cruz!" _ ele demonstrou sua liberdade,
permanecendo no patíbulo, para cumprir, até o fim, a vontade misericordiosa do Pai.
Esta
liberdade tem sido compartilhada _ sublinhou o papa _ por tantas testemunhas da verdade:
homens e mulheres que demonstraram permanecer livres, mesmo encerrados numa cela de
prisão e sob a ameaça de tortura.
"A verdade os fará livres!" _ quem pertence
à verdade _ concluiu Bento XVI _ jamais será escravo de qualquer poder, mas saberá,
sempre e livremente, fazer-se servo de seus irmãos
Ao término da oração mariana
do Angelus, o papa concedeu a todos a sua bênção apostólica, e desejou a todos _ neste
1º de julho _ boas férias! (AF)