BENTO XVI IMPÕE O PÁLIO SAGRADO A 46 ARCEBISPOS E REPROPÕE O COMPROMISSO ECUMÊNICO
Cidade do Vaticano, 29 jun (RV) - Na solenidade dos santos apóstolos Pedro
e Paulo, Bento XVI reiterou seu compromisso em buscar a plena comunhão dos cristãos.
Uma declaração que ganhou peso, pela presença, na basílica vaticana, de uma delegação
do Patriarcado Ecumênico de Constantinopla.
Em sua homilia, o papa ressaltou
a unicidade de Jesus, que não é somente um profeta, mas o Filho de Deus. Depois, no
Angelus, o pontífice reiterou a importância do caminho ecumênico, dirigiu uma saudação
especial a Roma _ no dia em que a cidade festeja seus padroeiros _ e anunciou que
irá a Nápoles, em visita pastoral, no dia 21 de outubro próximo.
Na profissão
de fé de Pedro, "podemos nos sentir e ser, todos, uma só coisa, apesar das divisões
que, ao longo dos séculos, dilaceraram a unidade da Igreja, com conseqüências que
perduram até hoje" _ disse o papa.
Jesus afirma querer edificar "sobre esta
pedra" a sua Igreja e, nessa perspectiva, confere a Pedro o poder das chaves (cfr
Mt 16, 19-19). Dessas narrações, emerge claramente, que a confissão de Pedro é inseparável
do encargo pastoral a ele confiado, no que diz respeito ao rebanho de Cristo.
"Jesus
convida a uma escolha que os levará (os discípulos) a distinguir-se da multidão para
tornar-se a comunidade dos que acreditam n'Ele. Efetivamente, existem dois modos de
"ver" e de "conhecer" Jesus: um _ o da multidão _ mais superficial; o outro _ o dos
discípulos _ mais penetrante e autêntico. Com a dúplice pergunta: "O que diz o povo
- O que dizeis vós de mim?" Jesus convida os discípulos a tomarem consciência dessa
diferente perspectiva."
"Também hoje é assim _ disse o papa _ muitos se aproximam
de Jesus, "externamente". Grandes estudiosos reconhecem a sua estatura espiritual
e moral e a sua influência na história da humanidade, comparando-o a Buda, Confúcio,
Sócrates e outros sábios, e a grande personagens da história. Não chegam, porém,
a reconhecê-Lo em sua unicidade."
Muitas vezes _ acrescentou o Santo Padre
_ "Jesus é considerado também, como um dos grandes fundadores de religiões, de quem
cada um pode tomar algo para formar uma convicção pessoal". Como naquela época _ constatou
_ o povo "tem opiniões diferentes sobre Jesus" e como naquela época, também a nós
Jesus repete sua pergunta: "E vós, quem dizeis que eu sou?" Eis então _ exortou o
papa _ que devemos fazer nossa, a resposta de Pedro: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus
vivo".
"O paralelismo entre Pedro e Paulo é sugestivo _ refletiu Bento XVI
_ mas não pode diminuir o alcance do caminho histórico de Simão com seu Mestre e Senhor
que, desde o início, lhe atribuiu a característica de "rocha" sobre a qual edificaria
a sua nova comunidade, a Igreja."
A seguir, o pontífice recordou que, nos Evangelhos
sinóticos, a confissão de Pedro é sempre seguida do anúncio, por parte de Jesus, do
aproximar-se de sua Paixão. Anúncio diante do qual Pedro reage "porque ainda não consegue
entender". E, no entanto, é um elemento fundamental sobre o qual Jesus "insiste, com
determinação".
"Também hoje, como no tempo de Jesus, não basta ter a justa
confissão de fé: é necessário sempre e novamente aprender do Senhor, o modo próprio
no qual Ele é o Salvador e o caminho no qual devemos segui-Lo. De fato, devemos reconhecer
que, também para o fiel, a Cruz é sempre dura de aceitar. O instinto impele a evitá-la,
e o tentador induz a pensar que é mais sábio preocupar-se em salvar a si mesmo do
que perder a própria vida por fidelidade ao amor."
Após a homilia teve lugar
a sugestiva cerimônia da imposição do pálio a 46 arcebispos metropolitanos de recente
nomeação. O pálio é a estola de lã branca, símbolo da potestade que, em comunhão com
a Igreja de Roma, o metropolita adquire em sua província eclesiástica.
Os arcebispos
convocados pelo papa, para receber o Pálio Sagrado, eram 51, representando os cinco
continentes. Mas, cinco deles não puderam estar presentes. Então, o Santo Padre impôs
os Pálios a 46 Metropolitas, cinco dos quais são brasileiros: o arcebispo de Maceió
(AL), Dom Antônio Muniz Fernandes, o arcebispo de Montes Claros (MG), Dom José Alberto
Moura, o arcebispo de São Paulo (SP), Dom Odilo Pedro Scherer, o arcebispo de Mariana
(MG), Dom Geraldo Lyrio Rocha, e o arcebispo de Diamantina (MG) Dom João Bosco Oliver
de Faria.
Os fiéis rezaram pelo papa, pela Igreja de Roma e pelo Patriarcado
de Constantinopla, pelos novos arcebispos metropolitanos, pelos homens que sofrem
por causa da injustiça e da violência e pelos missionários, testemunhas do Evangelho
pelos caminhos do mundo.
A solene celebração concluiu-se com a oração do pontífice
diante do túmulo de São Pedro, enquanto a assembléia entoava o Tu es Petrus.
Na
oração mariana do Angelus, Bento XVI recordou a convocação do ano jubilar dedicado
a São Paulo e fez votos de que tal evento possa "renovar o nosso entusiasmo missionário",
tornando mais intensas as relações com os irmãos do Oriente.
A seguir, o Santo
Padre renovou o compromisso a agir de modo convicto "pela causa da unidade de todos
os discípulos de Cristo", pela plena comunhão entre o Oriente e o Ocidente cristãos.
(RL)