2007-06-23 20:08:48

BENTO XVI A DOCENTES UNIVERSITÁRIOS: EUROPA DEVE REDESCOBRIR SUA HERANÇA CRISTÃ PARA RESPONDER À CRISE DA MODERNIDADE


Cidade do Vaticano, 23 jun (RV) - A Europa deve reaver sua tradição autêntica, de berço do Humanismo, fundado nos valores cristãos; e as Universidades do Velho Continente devem pesquisar profundamente, a "crise da modernidade", fazendo com que a fé e a razão possam cooperar e responder às necessidades culturais e espirituais do ser humano: com um discurso de grande alcance intelectual, Bento XVI acolheu em audiência, esta manhã, na Sala Paulo VI, no Vaticano, os docentes e os reitores das Universidades européias, reunidos, nestes dias, em Roma, no Congresso intitulado "Um novo humanismo para a Europa. O papel das Universidades".

Numa Europa que "atualmente, está vivendo certa instabilidade social e uma desconfiança diante de valores tradicionais", a promoção de um novo humanismo "requer uma clara compreensão do que significa realmente a modernidade" _ disse o papa.

Em torno desta exigência, que o papa reitera como "inadiável", o Santo Padre fez uma reflexão sobre o papel que as Universidades européias podem e devem desempenhar "a serviço de uma Europa mais unida".

"Longe de ser fruto de um desejo superficial pela novidade, a busca de um novo humanismo deve considerar, seriamente, o fato que hoje, a Europa está tendo um maciço deslocamento cultural, no qual homens e mulheres são cada vez mais conscientes do chamado a serem, ativamente, engajados na mudança de sua história. Historicamente, foi na Europa que o Humanismo se desenvolveu, graças à frutuosa interação entre as várias culturas de seus povos e da fé cristã. A Europa hoje deve conservar e reaver sua tradição autêntica, se quiser permanecer fiel à sua vocação de berço do Humanismo."

Bento XVI chamou a atenção dos cerca de dois mil participantes do congresso, reunidos na Sala Paulo VI, sobre três questões que impõem _ observou ele _ uma análise aprofundada. Em primeiro lugar, o Pontífice fez um aceno "à exigência de um estudo aprofundado sobre a crise da modernidade". Noção _ disse _ que, nos séculos mais recentes, "condicionou fortemente" a cultura européia.

O papa chamou a atenção para a falsa dicotomia criada entre o "humanismo autêntico" _ que contempla também o transcendente _ e certo "teísmo", ambos considerados como extremos de um "conflito inconciliável entre lei divina e liberdade humana".

Perguntamo-nos, sobretudo _ afirmou o pontífice _ se, como escreveu João Paulo II na encíclica Redemptor hominis, nesta era de progressos econômicos e técnicos "o homem, como homem, no contexto desse progresso, se torna verdadeiramente melhor, isto é, mais maduro espiritualmente, mais consciente da dignidade de sua humanidade, mais responsável e mais aberto aos outros _ em particular aos mais necessitados e mais frágeis _ e mais disponível a dar e levar ajuda a todos".

Em segundo lugar, o Santo Padre refletiu sobre a relação entre fé e razão, afirmando, entre outras coisas, que o aumento das Universidades européias foi promovido com base na convicção de que fé e razão podem cooperar "na busca da verdade, cada uma respeitando a natureza e a legítima autonomia da outra, todavia funcionando juntos, de modo harmonioso e criativo, a serviço da realização da pessoa humana na verdade e no amor".

"O atual deslocamento cultural é comumente visto como "um desafio" à cultura da Universidade e ao próprio Cristianismo, sobretudo como "horizonte" em relação ao qual podem e devem ser encontradas soluções criativas."

Em terceiro e último lugar, o papa refletiu sobre "a contribuição que o Cristianismo pode dar ao Humanismo do futuro". A chamada "questão do homem", objeto de debate no congresso dos reitores e docentes universitários, "desafia a Igreja _ ressaltou Bento XVI _ a conceber modos eficazes de proclamar à cultura atual, "o realismo" de sua fé na obra de salvação de Cristo.

O Cristianismo _ ressaltou o pontífice _ "não deve ser relegado ao mundo dos mitos e das emoções, mas deve ser respeitado, para que seu anúncio ilumine a verdade acerca do homem, de modo a transformar, espiritualmente, os homens e as mulheres, e permitir-lhes realizar a própria vocação na história".

"O conhecimento _ reiterou o Pontífice _ jamais pode ser limitado ao campo puramente intelectual; ele inclui também, a renovada capacidade de olhar para as coisas sem preconceitos e de permitir que possamos ser surpreendidos pela realidade cuja verdade pode ser descoberta unindo o intelecto ao amor. Somente aquele Deus que tem o rosto humano, revelado em Jesus Cristo, pode nos impedir _ concluiu Bento XVI _ de reduzir a realidade, justamente quando requer níveis de compreensão sempre novos e sempre mais complexos. A Igreja tem consciência de sua responsabilidade de dever oferecer essa contribuição à cultura atual." (RL)







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