CONGO: ASSEMBLÉIA DA ASSOCIAÇÃO DAS CONFERÊNCIAS EPISCOPAIS DA ÁFRICA CENTRAL
Kinshasa, 22 jun (RV) - "Precisamos de paz e de estabilidade, para trabalhar
em favor dos nossos povos" _ declarou o bispo de Gikongoro, Ruanda, Dom Augustin Misago,
que foi um dos vice-presidentes da recente assembléia episcopal realizada na capital
da República Democrática do Congo, da Associação das Conferências Episcopais da África
Central (ACEAC), da qual fazem parte os bispos da RDC, do Congo, Burundi e Ruanda.
A assembléia elegeu o arcebispo de Gitega, Burundi, Dom Simon Ntamwana, como
novo presidente do organismo. Em seu discurso, Dom Ntamwana quis lançar um sinal de
esperança, afirmando ter notado "progressos significativos" na consolidação da paz
na região.
"As armas não crepitam mais como acontecia anos atrás. Nossas populações
se aceitam reciprocamente, para compartilhar o mesmo lugar de vida" _ disse o arcebispo
de Gitega, aconselhando a não esquecer os importantes passos feitos nos últimos anos.
Essas afirmações serviram para contrabalancear as palavras de Dom Misago,
que havia salientado um aspecto negativo: "Nossos países se tornaram campos de destruição
por causa dos saques e das guerras. Foram destruídos em todos os sentidos." Dom Misago
se referia, em particular, à situação de Kivu, em guerra até hoje.
Profunda
reserva foi expressa pelos bispos dos Grandes Lagos, sobre o chamado "Protocolo de
Maputo", de 2003. Segundo os bispos, esse protocolo "constitui uma ameaça grave para
os valores da moral cristã e para a cultura africana".
O artigo 14 desse protocolo
garante "proteger os direitos reprodutivos das mulheres, autorizando o aborto médico
nos casos de estupro e incesto, e quando a gravidez coloca em risco a saúde física
e mental da mãe".
"Um enunciado desse teor _ disseram os bispos da região
dos Grandes Lagos _ faz do Protocolo de Maputo, um instrumento favorável ao direito
de abortar." (MZ)