Os milhões de mortos e feridos provocados pelos acidentes rodoviários preocupam a
Igreja que publica o "decálogo" dos condutores
(20/6/2007) O Conselho Pontifício para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes (CPPMI)
publicou os «10 Mandamentos» da Estrada, manifestando a sua preocupação pelos milhões
de mortes e feridos provocados pelos acidentes rodoviários em todo o mundo. O
primeiro desses "mandamentos", significativamente, é "não matarás". Noutro ponto sugere-se
que se convençam "os jovens e os menos jovens a não conduzirem quando não estão em
condições de o fazer", numa alusão à condução sob a influência do álcool, entre outras
situações incapacitantes. No novo documento deste organismo do Vaticano, que apresenta
"Orientações para a Pastoral da Estrada", são recordados os 50 milhões de feridos
e os 1,2 milhões de mortos que, em todos os anos, são vítimas dos acidentes nas estradas
de todo o mundo "na sequência de transgressões e da negligência" no cumprimento das
regras de trânsito. Para fazer face a este drama, como referiu o Cardeal Renato
Martino, presidente do CPPMI, aos condutores pede-se "controlo sobre si próprios,
cortesia, prudência, espírito de serviço e conhecimento das normas do Código de Estrada".
Em conferência de imprensa, este responsável lembrou que, ao longo do século XX,
estima-se que tenham morrido 35 milhões de pessoas nas estradas de todo o mundo, a
que se somariam mais de mil milhões de feridos. Comentando o 5.º ponto do "decálogo
do condutor" - O automóvel não seja para ti expressão de poder, de domínio e ocasião
de pecado - o Cardeal Martino pediu que sejam evitadas atitudes como "ultrapassagens
perigosas", às quais o documento acrescenta "a falta de cortesia, gestos indelicados,
insultos e blasfémias". A utilização da estrada, indica o CPPMI, pode ajudar a
exercer "virtudes cristãs", como "a prudência, a paciência e a caridade". O documento
recomenda ainda que cada viagem seja iniciada com o sinal da cruz, colocando os passageiros
sob "a protecção da Santíssima Trindade". "Cada um, no âmbito das suas competências
próprias, deve agir para criar uma consciência geral e pública no que diz respeito
à segurança rodoviária e promover, com todos os meios, uma educação adequada dos condutores,
dos passageiros e dos peões", concluiu o Cardeal Martino. Decálogo dos condutores
I.Não matarás II. A estrada seja para ti um instrumento de comunhão, não
de danos mortais III. Cortesia, correcção e prudência ajudar-te-ão IV. Sê
caridoso e ajuda o próximo em necessidade, especialmente se for vítima de um acidente
V. O automóvel não seja para ti expressão de poder, de domínio e ocasião de pecado
VI. Convence os jovens e os menos jovens a não conduzirem quando não estão em
condições de o fazer VII. Apoia as famílias das vítimas dos acidentes VIII.
Procura conciliar a vítima e o automobilista agressor, para que possam viver a experiência
libertadora do perdão IX. Na estrada, tutela a parte mais fraca X. Sente-te
responsável pelos outros.