DEFESA DA DIGNIDADE HUMANA: PONTO CENTRAL DO DOCUMENTO DO PONTIFÍCIO CONSELHO DA PASTORAL
PARA OS MIGRANTES E OS ITINERANTES
Cidade do Vaticano, 19 jun (RV) - Foi apresentado esta manhã, na Sala de Imprensa
da Santa Sé, o documento "Orientações para a Pastoral da Estrada". Trata-se de um
texto _ em quatro partes _ que aborda diversos aspectos do fenômeno da mobilidade
humana. O documento foi apresentado pelo presidente e pelo secretário do Pontifício
Conselho da Pastoral para os Migrantes e os Itinerantes, respectivamente, Cardeal
Renato Raffaele Martino e Arcebispo Agostino Marchetto.
O documento _ dedicado
ao povo da rua _ é dividido em quatro categorias: viajantes, prostitutas, crianças
sem família e mendigos.
Em seu pronunciamento, o Cardeal Martino ressaltou
os aspectos morais da direção, recordando que, por causa "da transgressão e da negligência
da disciplina nas estradas", todos os anos, um milhão e duzentas mil pessoas morrem,
nas estradas do mundo, e outras cinqüenta milhões de pessoas ficam feridas. Eis, então,
que a prudência se torna uma virtude necessária para quem dirige um veículo.
As
"Orientações" apresentam também um "Decálogo do motorista", inspirado nos Dez Mandamentos:
o primeiro é "Não matarás!"; o segundo, "Que a estrada seja para ti, um instrumento
de comunhão entre as pessoas e não de dano mortal"; o terceiro, "Que a cortesia, a
correção e a prudência te ajudem a superar os imprevistos"; o quarto é "Seja caridoso
e ajude o próximo na necessidade, especialmente se for vítima de um acidente"; o quinto,
"Que o automóvel não seja para ti, expressão de poder e domínio e ocasião de pecado";
o sexto "mandamento" é "Convença com caridade os jovens e os que já não o são para
que não dirijam sem condições de fazê-lo"; o sétimo, "Preste apoio às famílias das
vítimas dos acidentes"; o oitavo, "Reúna a vítima com um motorista agressor em um
momento oportuno para que possam viver a experiência libertadora do perdão"; o nono
é "Na estrada, guie o mais fraco"; e o décimo, "Sinta-se responsável pelos demais".
O
documento sugere ainda, que o viajante faça o sinal da cruz antes do início da viagem,
"entregando-se diretamente à proteção da Santíssima Trindade".
O texto afirma
também que é bom rezar o terço durante a viagem. O Cardeal Martino sintetizou do seguinte
modo, a missão da Igreja e do Estado, em tal contexto: "Cada um, no âmbito de sua
competência, deve atuar, a fim de criar uma consciência geral e pública naquilo que
concerne à segurança nas estradas e promover, com todos os meios, uma correspondente
e adequada educação dos motoristas, dos viajantes e dos pedestres."
O documento
também condena a prostituição como "uma forma de escravidão, uma ofensa à dignidade
humana e uma grave violação dos direitos fundamentais", afirmando que "é hora de condenar
com vigor, dando vida aos instrumentos apropriados, as formas de violência sexual"
contra as mulheres.
"No início do terceiro milênio, não podemos continuar impassíveis
e resignados diante deste fenômeno" _ observa o documento da Santa Sé, no capítulo
sobre a prostituição.
O texto explica que, também o "cliente" das prostitutas
é de certo modo um "escravo", uma pessoa que "deve ser auxiliada a resolver seus problemas
mais íntimos e a encontrar modos coerentes de dirigir suas tendências sexuais".
O
documento defende uma "verdadeira mudança cultural em relação ao comércio sexual",
explicando que isso pode ocorrer apenas se, junto ao uso do Código Penal contra quem
abusa e faz uso da prostituição, se recorrer também à "condenação social" coletiva.
(RL)