APELO DO PAPA EM FAVOR DOS REFUGIADOS: ACOLHER OS REFUGIADOS É UM IMPERIOSO GESTO
DE SOLIDARIEDADE HUMANA
Cidade do Vaticano, 20 jun (RV) – A habitual Audiência Geral das quartas-feiras
realizou-se hoje, em dois momentos diversos: primeiramente, na basílica vaticana e,
a seguir, na monumental Sala Paulo VI. O pontífice concluiu a Audiência com um apelo
em favor dos refugiados do mundo inteiro, no dia mundial a eles dedicado.
No
mundo de hoje, marcado pelo relativismo ético e religioso, a coerência à mensagem
de Cristo, que permanece inquebrantável diante de ataques ou marginalizações, é um
valor que tem, na vida dos santos, dois mil anos de modelos de referência. Um deles
é sem dúvida Santo Atanásio de Alexandria, Egito, que viveu no início do século IV,
apresentado pelo papa como um dos " mais importantes e venerados pais da Igreja antiga",
um "modelo de ortodoxia".
Em razão do forte calor destes dias em Roma, a Audiência
Geral não se realizou na Praça São Pedro, como acontece habitualmente. Uma parte dos
fiéis e peregrinos foi recebida pelo Santo Padre na Basílica de São Pedro, e outra
_ mais numerosa _ foi acolhida na Sala Paulo VI.
O pontífice falou aos dois
grupos sobre a vida de Santo Atanásio, marcada pelas dificuldades que atingiram a
Igreja dos primeiros tempos e pela coragem com a qual numerosas testemunhas defenderam
a causa do Evangelho.
Atanásio, em particular, recordou o papa, foi o "mais"
importante e obstinado adversário da heresia ariana que, na época, ameaçava a fé em
Cristo, minimizando sua divindade, segundo uma tendência _ comentou Bento XVI _ "recorrente
na história e que se manifesta de diversos modos também hoje".
O Concílio de
Nicéia, no ano 325, do qual o jovem Atanásio tomou parte, reiterou que Jesus, o Filho,
é "da mesma substância" de Deus, o Pai. E baseado nesse princípio, Atanásio combateu
duramente a heresia e fundamentou sua pregação.
"A intenção fundamental de
toda a luta teológica de Santo Atanásio era justamente a de que Deus é acessível.
Não é um Deus secundário, é o Deus verdadeiro, e mediante nossa comunhão com Cristo,
nós podemos unir-nos realmente a Deus. Ele tornou-se realmente "Deus conosco" (...)
Sim, irmãos e irmãs, temos tantos motivos de gratidão para com Santo Atanásio. A sua
vida, como a do eremita Antonio e de inúmeros outros santos, nos mostra que "quem
busca Deus não se distancia dos homens, mas se torna, ao invés, realmente próximo
deles"" _ disse o papa.
A batalha conta Ario _ à qual fatos extra-eclesiais
restituíram credibilidade _ custou um longo exílio a Santo Atanásio que, naquele período,
se aproximou do Monaquismo. E esse aspecto _ recordou Bento XVI _ deu ulterior fama
ao bispo exilado, que se tornou amigo do grande eremita, a ponto de escrever sobre
ele, uma preciosa biografia, definida por Bento XVI como "um best-seller da antiga
literatura cristã".
A "Vida de Antonio" _ esse é o título da obra _"contribuiu
muito _ afirmou o pontífice _ para a difusão do Monaquismo no Oriente e no Ocidente".
Embora os eremitas _ escreveu Atanásio _ "ajam no segredo e queiram permanecer no
anonimato", "o Senhor mostra todos eles como um farol, para que todos aqueles que
ouçam falar deles, saibam que é possível seguir os mandamentos e tomem a coragem ao
percorrer o caminho da virtude" _ disse o papa.
Um caminho que Bento XVI traduziu
em solidariedade e apoio, no momento em que lançou um forte apelo em favor dos refugiados,
por ocasião de seu dia mundial, instituído pela ONU...
"Acolher os refugiados
e dar-lhes hospitalidade é, para todos, um imperioso gesto de solidariedade humana,
a fim de que eles não se sintam isolados por causa da intolerância e do desinteresse.
Além disso, para os cristãos, é um modo concreto de manifestar o amor evangélico.
De coração, faço votos de que, a esses nossos irmãos e irmãs duramente provados pelo
sofrimento, sejam garantidos o exílio e o reconhecimento de seus direitos, e convido
os responsáveis pelas nações a darem proteção àqueles que se encontram em tão delicadas
situações de necessidade."
Por fim, após ter dirigido saudações particulares
à delegação do Parlamento da Federação Russa, e aos capelães da Soberana Ordem Militar
dos Cavaleiros de Malta, e de ter recordado o "admirável exemplo de austeridade e
pureza evangélica dado por São Luis Gonzaga _ cuja memória a Igreja celebra amanhã
_ Bento XVI saudou os fiéis de língua portuguesa presentes: "Caríssimos amigos
de língua portuguesa, saúdo e desejo a todos felicidades, paz e graça no Senhor! De
modo particular saúdo os peregrinos vindos de Portugal e do Brasil: sede bem-vindos!
Que a luz de Cristo anime sempre vossa fé, esperança e caridade, numa vida digna,
cristã e repleta de alegrias. E dou-vos de coração, extensiva aos vossos familiares
e pessoas amigas, a minha bênção." (RL)