2007-06-18 16:51:18

DA PEQUENA ASSIS _ A CIDADE DE SÃO FRANCISCO _ PAPA PEDE PAZ PARA TODO O MUNDO


Assis, 17 jun (RV) - Bento XVI visitou Assis, centro-norte da Itália, neste domingo, com o intuito de comemorar o VIII centenário da conversão de São Francisco. A visita incluiu todos os lugares relacionados ao santo, que é o símbolo da paz e do diálogo inter-religioso.

Na mesma cidade onde João Paulo II reuniu líderes de todas as religiões do mundo, em três distintas ocasiões, para pedir paz, Bento XVI afirmou que o verdadeiro diálogo inter-religioso nada tem a ver com as tentações da indiferença à religião.

"É um dever para mim, lançar daqui, um premente e aflito apelo, para que cessem todos os conflitos armados que enchem de sangue a terra, e para que em todas as partes, o ódio ceda lugar ao amor; a ofensa, ao perdão, e a discórdia, à união" _ afirmou o papa.

Diante de dezenas de milhares de pessoas, entre as quais primeiro-ministro italiano, Romano Prodi, Bento XVI acrescentou que todos lamentam por aqueles que "choram, sofrem e morrem devido à guerra e às suas trágicas conseqüências, em todas as partes do mundo". O pontífice fez tal afirmativa _ como ele mesmo declarou, a seguir _ pensando, de modo particular, na Terra Santa, tão amada por São Francisco, no Iraque, no Líbano e em todo o Oriente Médio.

O Santo Padre disse que, infelizmente, os povos desses países conhecem _ de há muito _ os horrores dos combates, do terrorismo e da violência cega, e a ilusão de que a força pode resolver os conflitos, rejeitando, assim, a possibilidade de ouvir as razões da outra parte e de fazer justiça.

Falando aos milhares de fiéis e peregrinos reunidos na praça diante da Basílica de São Francisco, cujo teto foi completamente restaurado depois de ter desabado em conseqüência de um terremoto, em 1997, Bento XVI frisou que, somente um diálogo responsável e sincero, apoiado generosamente pela comunidade internacional, poderá colocar fim a tanta dor e devolver vida e dignidade às pessoas, às instituições e aos povos.

O pontífice fez votos para que se "multipliquem" aqueles que querem ser "instrumentos de paz".

"Que São Francisco, homem de paz, interceda junto ao Senhor, para que se multipliquem as pessoas que queiram se fazer "instrumentos da paz" _ disse o papa _ através de mil pequenos gestos na vida cotidiana; que aqueles que desempenham cargos de responsabilidade sejam animados por um amor desmedido pela paz e por um desejo infinito de alcançá-la, escolhendo meios adequados para concretizá-la."

Na missa, celebrada ao lado da Basílica Inferior de Assis, o papa lembrou a figura do santo, falou de seus primeiros 25 anos de vida, durante os quais ele buscou apenas a realização de sonhos da vida terrena, e sobre sua conversão.

O pontífice ressaltou que Francisco de Assis não buscava destaque social: "Servir aos leprosos e até beijá-los não era um gesto de filantropia, mas uma verdadeira experiência religiosa fundada no amor de Deus" _ disse o papa, destacando ainda, a opção do santo pelos pobres, "nos quais via a face de Cristo".

Com o passar dos anos, Assis se transformou em símbolo de paz. De fato, em três diversas ocasiões, João Paulo II convocou a se reunirem nessa cidade, os líderes religiosos, com o objetivo de pedir a paz no mundo.

A primeira foi em 1986, a segunda, em 1993 (em plena guerra nos Bálcãs), e a última, em janeiro de 2002, poucos meses depois do atentado às Torres Gêmeas, do World Trade Center, de Nova York.

"O espírito de Assis se opõe à violência e ao abuso da religião como pretexto para a violência" _ ressaltou Bento XVI. "Assis significa que as próprias convicções religiosas e a fidelidade, principalmente a Cristo, não são expressas com violência e intolerância, mas no respeito ao outro, no diálogo, na liberdade, na razão e no compromisso pela paz e pela reconciliação" _ acrescentou.

Bento XVI manifestou apoio ao diálogo inter-religioso, advertindo, porém, que o "verdadeiro" diálogo entre diferentes crenças não deve se transformar em "indiferença à religião".

Acompanhado pelo Custódio do Sagrado Convento, Pe. Vincenzo Colli, o papa se deteve alguns minutos em oração, diante do túmulo de São Francisco, na basílica. Os restos mortais do santo foram levados para o local, alguns anos após sua morte, em 1226.

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Após essa pausa de meditação, Bento XVI se encontrou com o clero local, na Catedral de São Rufino, ocasião em que salientou a importância de se tomar consciência _ cada vez mais viva _ da dimensão batismal da santidade, na vida e nas propostas pastorais.

"Os milhões de peregrinos que passam por estas ruas, atraídos pelo carisma de Francisco _ disse _ devem ser ajudados a perceber o núcleo essencial da vida cristã e a "tender" para a sua "elevada medida", que é, precisamente, a santidade."

"Não é suficiente que admirem Francisco: através dele, devem encontrar Cristo, confessá-Lo e amá-Lo com "fé firme, esperança certa e caridade perfeita". Os cristãos do nosso tempo devem confrontar-se cada vez mais, hoje em dia, com a tendência a aceitar um Cristo diminuído, admirado na sua humanidade extraordinária, mas recusado no mistério profundo de sua divindade."

"A vocês, ministros do Evangelho e do altar, religiosos e religiosas _ acrescentou _ cabe a tarefa de desenvolver um anúncio da fé cristã, em condições de responder aos desafios de hoje."

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No final do dia, um encontro com cerca de 10 mil jovens encerrou a visita. Do lado de fora da Basílica de Santa Maria dos Anjos, o papa pediu aos jovens que não perdessem tempo, não cedesse às drogas, não se deixassem seduzir pela vaidade e não seguissem o atual "culto da imagem".

Bento XVI lembrou que, antes da conversão, São Francisco de Assis gastava todo o seu dinheiro em diversões e festas com os amigos, que duravam dias e noites. Além disso, era vaidoso, ambicioso e tinha sede de glória e aventura.

"De quantos jovens não se poderia dizer a mesma coisa, hoje em dia? _ questionou o papa, ressaltando que, hoje, é possível encontrar divertimentos até mesmo fora da própria cidade. As iniciativas de divertimento durante o fim-de-semana reúnem tantos jovens. Pode-se "girovagar" até mesmo virtualmente _ sublinhou o pontífice _ navegando na Internet, em busca de contatos e informações de todo tipo. (...) Como negar a existência de tantos jovens _ e não apenas dos jovens _ tentados a seguir de perto, a vida do jovem Francisco, antes de sua conversa?" _ perguntou Bento XVI.

Para o Santo Padre, vivemos num mundo contraditório que, apesar de suas belezas, nos desilude com sua banalidade, injustiça e violência. "Sem Deus, o mundo está perdido" _ acrescentou.

O papa pediu aos jovens que não receiem imitar São Francisco de Assis e que se deixem encontrar por Cristo, "em quem há sim, um ser humano fascinante, mas também um Deus feito homem, o único Salvador". (CM)







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