ENCONTRO ENTRE BENTO XVI A PRIMAZ ORTODOXO DE CHIPRE, CHRYSOSTOMOS II: ASSINADA DECLARAÇÃO
COMUM
Cidade do Vaticano, 16 jun (RV) - "Uma obra imane" nos aguarda, para além das
capacidades humanas, para alcançar a plena comunhão tão desejada por Cristo: com palavras
de alegria e gratidão, Bento XVI acolheu esta manhã, no Vaticano, o Arcebispo de Nova
Justiniana e toda Chipre, Chrysostomos II, em Roma desde terça-feira passada.
O
encontro foi marcado, entre outros, pela assinatura de uma Declaração comum, e depois
se concluiu com um momento de oração comum.
"Um dom do Deus da perseverança
e da consolação", a visita do Arcebispo ortodoxo Chrysostomos II, acolhido por Bento
XVI na Biblioteca apostólica, qual Pastor de uma Igreja do Oriente antiga e ilustre.
"Fazemos
hoje experiência do dom da perseverança – disse o papa _ porque, não obstante a presença
de divisões seculares, de caminhos divergentes, e apesar da dificuldade de curar feridas
dolorosas, o Senhor não cessou de conduzir os nossos passos no caminho da unidade
e da reconciliação. E isso é para todos nós motivo de consolação, porque o encontro
de hoje se insere num caminho de sempre mais intensa busca daquela plena comunhão
tão desejada por Cristo: ut omnes unum sint" (que todos sejam um).
De Chipre
a Roma não simplesmente para uma "troca de cortesia ecumênica", ressaltou o Papa,
mas porque impulsionados pela necessidade e pela urgência de "prosseguir, sem desencorajar-nos
o diálogo teológico entre a Igreja católica e a Igreja ortodoxa em seu conjunto".
Uma "obra imane", "que vai além das capacidades humanas", para a qual "é necessário
confiar-se, sobretudo, na oração", mas também ativar "todo válido meio humano, que
possa contribuir para alcançar a finalidade".
Portanto, recomendou Bento XVI,
"um esforço constante animado de uma vontade certa e de uma esperança inquebrantável
na potência do Senhor".
Evocando as origens da Igreja de Chipre, rica de Santos,
entre os quais Epifânio e Barnabé, o Santo Padre evidenciou desafios e problemas comuns
em nossos dias.
"Como no passado, também hoje é necessário vigiar atentamente
para chamar a atenção do Povo de Deus para os falsos profetas, para os erros e a superficialidade
de propostas não conformes ao ensinamento do divino Mestre, nosso único Salvador."
O
Arcebispo Chrysostomos II fez suas as preocupações do Papa, evidenciando que a Europa,
"berço da civilização ocidental" e "sede gloriosa do espírito cristão", está "atravessando
um período de crise e de desorientação, de ateísmo e de dúvida, de secularização e
de decadência".
"A sociedade e o homem do nosso tempo têm sede e buscam", disse
o Arcebispo cipriota, convidando as Igrejas da Europa a responderem unidas, do contrário,
frisou ele, fracassariam tantos esforços isolados e assistiríamos ao desespero existencial
de tantos homens e mulheres do nosso tempo.
A visita a Bento XVI se realiza
na vigília dos 35 anos das relações diplomáticas entre Santa Sé e República de Chipre,
recordou o arcebispo ortodoxo, fazendo apelo à oração do Papa pelo retorno à paz e
à unidade na ilha de Chipre, onde "os direitos humanos são espezinhados _ denunciou
o Arcebispo de Nova Justiniana e toda Chipre _, e onde "a Igreja sofre, mas também
resiste dignamente".
Em seguida, num clima de grande fraternidade foi assinada
uma Declaração comum de compromissos e esperanças para a "plena unidade entre todos
os cristãos", respondendo às expectativas dos tempos.
O documento cita as urgências
dramáticas para a paz no Oriente Médio e apela a todos aqueles que no mundo levantam
a mão contra os próprios irmãos para que deponham as armas.
Em seguida, o documento
coloca a questão da defesa dos direitos humanos a partir da liberdade religiosa. Depois,
pede à Europa que não se limite a uma cooperação meramente econômica, mas que se apóie
em "sólidas bases culturais" e em "compartilhadas referências éticas", e que se abra
à "dimensão religiosa".
Evidencia também os desafios da bioética, que dizem
respeito à dignidade do homem e do ambiente, que ameaçam a Criação; e ainda a questão
da pobreza, da fome e das doenças em tantos países.
Por fim, uma invocação
ao Senhor da história para que "o anúncio de salvação do Evangelho alcance as novas
gerações e seja luz para todos os homens". O encontro entre o Santo Padre e o Arcebispo
Chrysostomos concluiu-se na Capela Redemptoris Mater com um momento de oração comum.
(RL)