2007-06-16 20:22:34

ENCONTRO ENTRE BENTO XVI A PRIMAZ ORTODOXO DE CHIPRE, CHRYSOSTOMOS II: ASSINADA DECLARAÇÃO COMUM


Cidade do Vaticano, 16 jun (RV) - "Uma obra imane" nos aguarda, para além das capacidades humanas, para alcançar a plena comunhão tão desejada por Cristo: com palavras de alegria e gratidão, Bento XVI acolheu esta manhã, no Vaticano, o Arcebispo de Nova Justiniana e toda Chipre, Chrysostomos II, em Roma desde terça-feira passada.

O encontro foi marcado, entre outros, pela assinatura de uma Declaração comum, e depois se concluiu com um momento de oração comum.

"Um dom do Deus da perseverança e da consolação", a visita do Arcebispo ortodoxo Chrysostomos II, acolhido por Bento XVI na Biblioteca apostólica, qual Pastor de uma Igreja do Oriente antiga e ilustre.

"Fazemos hoje experiência do dom da perseverança – disse o papa _ porque, não obstante a presença de divisões seculares, de caminhos divergentes, e apesar da dificuldade de curar feridas dolorosas, o Senhor não cessou de conduzir os nossos passos no caminho da unidade e da reconciliação. E isso é para todos nós motivo de consolação, porque o encontro de hoje se insere num caminho de sempre mais intensa busca daquela plena comunhão tão desejada por Cristo: ut omnes unum sint" (que todos sejam um).

De Chipre a Roma não simplesmente para uma "troca de cortesia ecumênica", ressaltou o Papa, mas porque impulsionados pela necessidade e pela urgência de "prosseguir, sem desencorajar-nos o diálogo teológico entre a Igreja católica e a Igreja ortodoxa em seu conjunto". Uma "obra imane", "que vai além das capacidades humanas", para a qual "é necessário confiar-se, sobretudo, na oração", mas também ativar "todo válido meio humano, que possa contribuir para alcançar a finalidade".

Portanto, recomendou Bento XVI, "um esforço constante animado de uma vontade certa e de uma esperança inquebrantável na potência do Senhor".

Evocando as origens da Igreja de Chipre, rica de Santos, entre os quais Epifânio e Barnabé, o Santo Padre evidenciou desafios e problemas comuns em nossos dias.

"Como no passado, também hoje é necessário vigiar atentamente para chamar a atenção do Povo de Deus para os falsos profetas, para os erros e a superficialidade de propostas não conformes ao ensinamento do divino Mestre, nosso único Salvador."

O Arcebispo Chrysostomos II fez suas as preocupações do Papa, evidenciando que a Europa, "berço da civilização ocidental" e "sede gloriosa do espírito cristão", está "atravessando um período de crise e de desorientação, de ateísmo e de dúvida, de secularização e de decadência".

"A sociedade e o homem do nosso tempo têm sede e buscam", disse o Arcebispo cipriota, convidando as Igrejas da Europa a responderem unidas, do contrário, frisou ele, fracassariam tantos esforços isolados e assistiríamos ao desespero existencial de tantos homens e mulheres do nosso tempo.

A visita a Bento XVI se realiza na vigília dos 35 anos das relações diplomáticas entre Santa Sé e República de Chipre, recordou o arcebispo ortodoxo, fazendo apelo à oração do Papa pelo retorno à paz e à unidade na ilha de Chipre, onde "os direitos humanos são espezinhados _ denunciou o Arcebispo de Nova Justiniana e toda Chipre _, e onde "a Igreja sofre, mas também resiste dignamente".

Em seguida, num clima de grande fraternidade foi assinada uma Declaração comum de compromissos e esperanças para a "plena unidade entre todos os cristãos", respondendo às expectativas dos tempos.

O documento cita as urgências dramáticas para a paz no Oriente Médio e apela a todos aqueles que no mundo levantam a mão contra os próprios irmãos para que deponham as armas.

Em seguida, o documento coloca a questão da defesa dos direitos humanos a partir da liberdade religiosa. Depois, pede à Europa que não se limite a uma cooperação meramente econômica, mas que se apóie em "sólidas bases culturais" e em "compartilhadas referências éticas", e que se abra à "dimensão religiosa".

Evidencia também os desafios da bioética, que dizem respeito à dignidade do homem e do ambiente, que ameaçam a Criação; e ainda a questão da pobreza, da fome e das doenças em tantos países.

Por fim, uma invocação ao Senhor da história para que "o anúncio de salvação do Evangelho alcance as novas gerações e seja luz para todos os homens". O encontro entre o Santo Padre e o Arcebispo Chrysostomos concluiu-se na Capela Redemptoris Mater com um momento de oração comum. (RL)








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