Ler os sinais de Deus na história da Igreja, sem procurar sensacionalismos: a exortação
do Papa, na audiência geral, falando de Eusébio de Cesareia
(13/6/2007) Na audiência geral desta quarta-feira, com mais de 30 mil peregrinos
congregados na Praça de São Pedro, Bento XVI exortou a ler a história da Igreja sem
aí procurar escândalos ou sensacionalismos a todo o custo, mas sim contemplando na
história “os sinais do amor de Deus”, “as suas grandes obras para a salvação dos homens”.
O Papa ilustrava a figura de Eusébio de Cesareia, bispo do século IV, “infatigável
estudioso e autor da primeira história da Igreja, que salvou do esquecimento acontecimentos
e escritos da Igreja Antiga”.
Presente na Praça de São Pedro um grupo
de peregrinos proveniente de Lisboa, ao qual Bento XVI dirigiu uma saudação, evocando
Santo António: Amados peregrinos
de língua portuguesa, uma saudação afectuosa a todos os presentes, nomeadamente ao
grupo vindo de Lisboa – cidade-berço de Santo António, cuja festa hoje celebramos.
A vossa vinda a Roma vos confirme na fé santa e segura, que nele ardia e iluminava,
fazendo aparecer a Igreja aos olhos de vossos familiares e amigos como veículo da
salvação de Cristo. Por Ele e n’Ele, a todos abençoo.
Na sua catequese,
o Papa começou por enquadrar a figura de “Eusébio de Cesareia, que viveu no tempo
do imperador Constantino, no século IV. Bispo de Cesareia, na Palestina, participou
activamente no Concílio de Niceia, em 325, aprovando o Credo e a afirmação da plena
divinidade do Filho de Deus, definido como sendo da mesma substância do Pai. Nos seus
numerosos escritos, em especial nos dez volumes da sua História Eclesiástica, este
erudito procurará incansavelmente reflectir e fazer o ponto sobre três séculos de
cristianismo, tirando partido das fontes cristãs e pagãs conservadas sobretudo na
biblioteca de Cesareia. A perspectiva fundamental da sua história é cristocêntrica:
nela se revela progressivamente o mistério do amor de Deus pelos homens. Pode-se assim
discernir na sua obra a intenção moral. A análise histórica não é um fim em si mesmo;
convida à conversão e a um testemunho de vida autêntica da parte dos fiéis.
O
Papa observou que com a sua maneira de ler a história, Eusébio de Cesareia interpela
os crentes de todos os tempos e leva-nos a interrogarmo-nos: qual é a nossa atitude
perante os acontecimentos da Igreja? Simples curiosidade, busca do sensacional, ou
antes uma atitude cheia de amor, aberta ao mistério, de quem – pela fé – sabe poder
reencontrar na história da Igreja os sinais do amor de Deus e as grandes obras de
salvação que Ele realizou. A tantos séculos de distância, Eusébio continua a interpelar-nos,
ele deixa-nos um convite:
Eusébio de Cesareia convida-nos a admirarmo-nos,
a contemplar Deus em acção na história, para a salvação dos homens que ele chama à
conversão. Perante um tal amor de Deus, não podemos ficar inertes.