Paises pobres não precisam de paternalismo. Uma análise das "poucas conclusões" do
G8
(12/6/007) "A cimeira do G8 não trouxe uma evolução e um compromisso efectivo quanto
aos países pobres e ao perdão da dívida que neste momento atinge muitos milhares de
dólares”, afirma Isabel Monteiro, vogal da direcção da Cáritas Portugal. De uma
primeira análise, da última reunião do G8 em Heiligendamm, na Alemanha, Isabel Monteiro
sublinha que mesmo sobre as alterações climáticas e a problemática da ecologia,há
uma vontade de alguns países mas “uma vontade esquecida e pouco assumida”, afirma
de forma eufémica. Os interesses económicos continuam num lugar cimeiro aos ecológicos,
afirma tendo como base “a posição do próprio presidente da América, que dá um «passinho»
à frente, mas pouco convicto”. Por isso afirma não perceber “grandes conclusões
na conferência do G8, nomeadamente sobre as grandes questões da humanidade” - desequilíbrio
ecológico, pobreza e esforço pela paz e reconciliação. “Não foram tomadas posições
sólidas, coerentes e que desenvolvam uma intervenção”. A vogal da Cáritas Portuguesa
explica que não é possível continuar a apostar numa sociedade meramente economicista
e defender os interesses do meio ambiente, situação que se reflecte num quadro de
política mundial. A Cáritas manifesta-se contra esta política que “provoca uma grande
ruptura na humanidade”. Os países do Norte têm transformado a sua ajuda económica
em informação e intervenção directa no terreno, “o que não me parece nem justo nem
equivalente ao que foi assumido”, quando o que foi reiterado foi “uma ajuda monetária
para diminuir a dívida dos países pobres. A ajuda não pode ser paternalista e os países
ricos o que pretendem é outro tipo de intervenção no terreno”. Este tipo de ajuda
pode conduzir a um “novo colonialismo ou à defesa de interesses próprios nos locais”.
Falta um consenso internacional, “mas também uma vontade efectiva de ajudar os
países”, que se revêem nos interesses económicos e não deixam que as pessoas se assumam
e tenham uma vontade política forte e “enquanto nos mantivermos no politicamente correcto
não se consegue uma mudança de estruturas e de mentalidades”. Estão iminentes
os grandes desafios das emergências - imigração, emigrantes, Sida “e a problemática
daí decorrente nos países africanos e na própria Europa”, e a justiça. “Estes são
valores”, indica e não mero instrumento para chegar a “outros interesses económicos”.